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Polícia e manifestantes entram em confronto no Egito

Manifestantes e policiais ficam frente a frente nas proximidades da Praça Tahir, no Cairo. Houve confronto | REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
Manifestantes e policiais ficam frente a frente nas proximidades da Praça Tahir, no Cairo. Houve confronto (Foto: REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)

A polícia egípcia entrou em confronto com manifestantes nesta quinta-feira (24), no centro do Cairo, a capital do país. Os manifestantes tentavam derrubar um muro de concreto erguido como barricada, próximo à praça Tahrir, para impedir que novos protestos cheguem aos edifícios do Parlamento e do Poder Executivo. A tropa de choque reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.

O episódio acontece um dia antes do aniversário de dois anos dos protestos que reuniram milhares de pessoas no local e culminaram na derrubada do regime do ditador Hosni Mubarak, que governou o Egito por quase 30 anos. As manifestações tiveram início em 25 de janeiro de 2011 e duraram três semanas, até que este fosse forçado a deixar o cargo.

Nesta semana, ativistas e grupos de oposição política convocaram uma série de atos em protesto contra o atual governo do país, liderado por Mohamed Mursi e sustentado pela Irmandade Muçulmana e seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça (PLJ).

Mursi foi eleito presidente em junho, após uma tumultuada transição mediada por uma junta militar. Seus primeiros seis meses de governo foram marcados por tensões políticas, manifestações e uma crise econômica que afetou sua popularidade.Em novembro, Mursi promulgou decretos que ampliavam seus poderes - tornando suas decisões imunes a contestações do Poder Judiciário, por exemplo -, o que precipitou uma onda de revolta e temores de recuo nos avanços democráticos. Os decretos foram semanas depois, mas, durante a agitação, a Assembleia Constituinte anunciou a conclusão de uma nova Constituição para o país.

Dominado pela Irmandade Muçulmana e grupos islâmicos extremistas, o Parlamento aprovou um texto, no dia 30 de novembro, que, segundo especialistas, continham restrições a liberdades civis e direitos de mulheres e grupos minoritários. A Carta Magna foi aprovada em um referendo marcado por denúncias de fraudes feitas por grupos de oposição.

RevoluçãoEntre os organizadores do ato de amanhã estão o Partido da Constituição, do vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Mohamed ElBaradei; a Corrente Popular Egípcia, do esquerdista Hamdin Sabahi; o Partido Egípcios Livres; o Wafd; os nasseristas; os socialistas e os movimentos Kefaya e Jovens do 6 de Abril.

"Eu peço a cada um de vocês, de todo o Egito, a provar que a revolução precisa continuar e ser completada", diz ElBaradei em um vídeo divulgado hoje, convocando a população a sair às ruas.

Os islamitas do governo, por sua parte, dizem que se recusam a entrar em confronto direto amanhã, por causa do aniversário da revolução, e não organizaram atos públicos.Os temores de uma possível explosão de violência nos próximos dias também são alimentados também pelas ameaças lançadas pelos torcedores do clube de futebol Al Ahly, irritados pelo adiamento da sentença no julgamento pela morte de 74 pessoas em fevereiro de 2012 no massacre do estádio de Port Said.

A decisão judicial estava prevista para o próximo sábado, mas foi adiada pela descoberta de novos indícios, mas ainda assim está prevista uma sessão do julgamento para esse dia, motivo pelo qual os torcedores já lançaram duras ameaças.

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