Diplomacia
Kerry busca esclarecer declarações polêmicas sobre crise no Egito
O secretário de Estado norte-americano John Kerry tentou esclarecer ontem as declarações controversas que fez a respeito da crise política no Egito. Em entrevista concedida na quinta-feira à emissora egípcia Geo TV, ele disse que o Exército não tomou o poder quando derrubou o presidente Mohamed Mursi, mas sim que "restaurou a democracia" no país.
Os militares egípcios derrubaram Mursi, o primeiro presidente democraticamente eleito do país, após um golpe militar em 3 de julho. O Exército estabeleceu um governo civil e convocou eleições para o ano que vem.
As declaração de Kerry foram vistas por algumas pessoas como um sinal de que os Estados Unidos se aliaram aos militares, embora o Departamento de Estado tenha dito várias vezes que o governo norte-americano não apoia nenhum dos lados.
Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, Gehad el-Haddad, criticou os comentários do norte-americano. "O secretário Kerry aceitaria que o secretário da Defesa [Chuck] Hagel interviesse e derrubasse [o presidente norte-americano Barack] Obama se grandes protestos acontecessem nos Estados Unidos?", questionou ele.
Ontem Kerry declarou, em Londres, que todas as partes envolvidas os militares e os partidários de Mursi deveriam se unir e trabalhar para uma solução pacífica para a crise.
Agência Estado
A polícia do Egito usou bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar aliados do presidente deposto Mohamed Mursi em uma manifestação ontem no Cairo. Os islamitas ocupam o acesso ao complexo que concentra os principais canais de televisão privados do país.
A manifestação acontece no dia em que a Irmandade Muçulmana convocou protestos contra a remoção dos acampamentos feitos pela entidade em dois locais da capital egípcia para manifestações a praça em frente à mesquita de Rabia al-Adawiya e a região da Universidade do Cairo.
As áreas são ocupadas desde 3 de junho, quando Mursi foi retirado do poder pelos militares. Apesar do pedido das autoridades para deixar os locais, o Ministério do Interior informa que os aliados do presidente deposto montam um novo acampamento perto do aeroporto internacional.
Ainda não há informações de mortos e feridos durante as manifestações e a ocupação. Enquanto isso, forças de segurança anunciaram que pretendem fazer um cerco aos militantes nos dois principais locais de protesto para tentar dispersar o acampamento.
O cordão de isolamento é feito dois dias após o governo interino anunciar que pretende retirar os islamitas da região.
Em entrevista ao Washington Post, o vice-presidente Mohamed ElBaradei defendeu o chefe militar Abdel Fattah al-Sisi. "Ele entende que tem de haver uma solução política. Mas é claro que ele tem a responsabilidade de proteger o país na questão da segurança", disse.
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