A polícia da Espanha informou neste sábado (27) que desarticulou uma rede criminosa que levava ao país mulheres do Paraguai para explorá-las sexualmente, e resgatou 17 delas.
A quadrilha chegou a explorar mais de cem mulheres nos últimos quatro anos em diversas províncias espanholas. Nos últimos 12 meses, os lucros obtidos pela rede chegaram a 1 milhão de euros (R$ 2,6 milhões), número que em outros anos chegou a ser o dobro, segundo a corporação.
Na operação foram detidas 11 pessoas na Espanha e 12 no Paraguai. A polícia explicou que as mulheres eram captadas através de duas agências de viagens oficiais nas cidades paraguaias de Caaguazú e Ciudad del Este, onde recebiam promessas de trabalhos como garçonetes na Europa.
As pessoas detidas na Espanha são principalmente os donos dos locais onde era exercida a prostituição, e no Paraguai são os proprietários das agências de viagens e seus funcionários.
Algumas mulheres sabiam que iriam exercer a prostituição, mas ouviam que só teriam que devolver o valor da passagem aérea, quando na verdade tinham que pagar uma "dívida" de 5 mil euros (R$ 13 mil), informou a polícia.
Para garantir o pagamento da dívida, a organização criminosa pedia títulos de propriedade como fiança e, caso não tivessem, os donos das agências de viagens investigadas visitavam os familiares das mulheres para intimidá-los e cobrar deles a dívida.
As vítimas eram na maioria jovens mães de família, com poucos recursos financeiros e nível cultural muito baixo. Elas mensalmente mudavam de endereço na Espanha, trabalhavam 24 horas por dia, sete dias por semana, e eram continuamente vigiadas.
Quando terminavam de pagar a dívida, podiam continuar trabalhando no estabelecimento, dividindo o lucro pela metade com o dono, ou deixar a organização.
Os membros da rede obrigavam as mulheres a abrir contas em bancos, dos quais enviavam dinheiro ao Paraguai como parte da dívida contraída com seus sequestradores.
A organização lavava o dinheiro obtido através de um esquema financeiro formado por mais de 15 sociedades em dois setores: o publicitário (com serviços de publicidade em ônibus) e a compra e venda de veículos (limusines e outros carros de luxo).
As investigações começaram em agosto de 2011 a partir de declarações de mulheres de origem paraguaia que, acompanhadas de uma ONG de ajuda a vítimas de tráfico humano, entraram em contato com a polícia espanhola.