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Partidários do candidato à Presidência Jude Celestine participam de passeata em Porto Príncipe | Reuters
Partidários do candidato à Presidência Jude Celestine participam de passeata em Porto Príncipe| Foto: Reuters

Porto Príncipe - Policiais armados impediram que passeatas de candidatos rivais à Presidência do Haiti se encontrassem na quinta-feira em Porto Príncipe, a três dias das eleições no país assolado pelo cólera.

Incidentes esporádicos, inclusive confrontos entre manifestantes e tropas de paz da ONU em Porto Príncipe e Cap-Haitien, fazem com que o cheiro de pneus queimados e de gás lacrimogêneo se some ao odor da sujeira e das doenças que tomam conta de hospitais superlotados pelo cólera e dos acampamentos de sobreviventes do terremoto de janeiro.

Passeatas de dois candidatos - Jude Celestin, que tem aval do presidente René Préval, e "Sweet Micky" Martelly, um músico popular - lotaram as ruas da capital, mas policiais armados impediram confrontos.

As autoridades decidiram manter a eleição presidencial e parlamentar de domingo apesar dos enormes problemas que o Haiti enfrenta. Além da epidemia de cólera, que já matou 2.000 pessoas, o país tem infraestrutura precária e não se recuperou do terremoto de janeiro, que deixou mais de 250 mil vítimas fatais.

A comunidade internacional, representada por meio de uma força de 12 mil soldados estrangeiros, diz que há condições de realizar eleições, e que seu adiamento causaria ainda mais instabilidade.

"Se não fizermos eleições agora, quando (faremos)? Vamos esperar um ano no Haiti para termos eleições? O que acontece enquanto isso? Vazio de poder, incerteza, caos?", disse Edmond Mulet, chefe da Minustah (missão da ONU no Haiti).

Segundo ele, a votação não deve agravar a epidemia. O risco, disse ele, pode ser até menor que num dia útil normal.

Quatro dos 18 candidatos pediram o adiamento da votação, e vários deles se queixaram de que as autoridades eleitorais locais estariam sendo tendenciosas a favor do governo. Mulet minimizou as queixas, dizendo que as autoridades têm se mostrado "à altura da tarefa".

"As eleições não serão perfeitas, não vão resolver todos os problemas, mas são um caminho necessário no processo de democratização no Haiti", disse Mulet.

Analistas dizem que não há um favorito claro na eleição presidencial, e que a disputa deve ser decidida num segundo turno, em 16 de janeiro.

Além de Celestin e Martelly, as pesquisas indicam também uma boa votação para a ex-primeira-dama Mirlande Manigat.

De acordo com Mulet, a violência política registrada na atual campanha foi menos intensa do que na eleição de 2006. Por outro lado, há ressentimento contra as forças estrangeiras, por causa de suspeitas de que elas trouxeram a epidemia de cólera ao Haiti, uma suspeita que a ONU diz não ser comprovada.

Com mais de 1 milhão de pessoas acampadas depois de perderem suas casas no terremoto, há temores de uma grande abstenção eleitoral.

"Não há palácio presidencial (destruído no terremoto), não há país, todo mundo está dormindo ao ar livre. Por que ter eleições?", disse o desabrigado Wilner Hauteau, artesão desempregado.

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