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Na madrugada deste sábado (30), a polícia do Peru cumpriu mandato de busca e apreensão na casa da presidente Dina Boluarte. A operação, encabeçada pelo Ministério Público, investiga a origem de um relógio de luxo da marca suíça Rolex.
Boluarte é suspeita de ocultar os relógios desde que foi eleita na chapa de Pedro Castillo em 2021. No início da semana, a defesa da presidente pediu para o procurador-geral, Juan Villena, que adiasse em 15 dias a audiência sobre o caso. O MP emitiu um posicionamento contrário ao adiamento da audiência.
O primeiro-ministro do Peru, Gustavo Adrianzén, afirmou neste sábado que está "indignado" com a operação do MP. "Estou indignado com o que aconteceu. O que aconteceu à meia-noite de hoje é uma afronta intolerável à dignidade da presidente da República e da nação que ela representa", disse Adrianzén à estação de rádio RPP.
De acordo com o premiê, "não é possível" que seja necessário "testemunhar ações que são absolutamente desproporcionais e até mesmo inconstitucionais", já que a presidente está protegida pela imunidade concedida por seu cargo.
A casa de Boluarte foi inspecionada por uma equipe de promotores e agentes da Polícia Nacional do Peru (PNP) como parte de uma investigação preliminar aberta contra a governante por supostamente ter cometido o crime de enriquecimento ilícito.
Os promotores realizaram a operação para buscar e apreender os relógios de luxo que, de acordo com a imprensa local, Boluarte usou em diferentes atividades públicas e supostamente não declarou como parte de seus bens.
Adrianzén lembrou que a presidente solicitou que os procedimentos do caso fossem remarcados, mas disse que isso "não foi concedido" pela promotoria. "É incomum, para dizer o mínimo, que à meia-noite e em um feriado, como estamos agora, essas ações tenham que ser realizadas", declarou o primeiro-ministro.
Além disso, Adrianzén garantiu que Boluarte "sempre apresentou sua cooperação ao Ministério Público" e que a presidente está atualmente na residência do Palácio do Governo, no centro histórico de Lima.
Ele ressaltou que está na sede do governo, mas ainda não conversou com a presidente. "O que eu acho é que está se formando uma tempestade aqui onde não deveria haver, essa é a minha opinião. Não acho que seja uma crise e também não acho que seja tão grave", comentou.
O primeiro-ministro expressou a "solidariedade" do gabinete de ministros com Boluarte e disse que eles "rejeitam veementemente essas ações políticas desestabilizadoras. Há uma politização intolerável da justiça", declarou.
Os policiais quebraram a fechadura da porta da frente da casa de Boluarte depois que seus pedidos de acesso à propriedade não foram atendidos, segundo a imprensa local.