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Dieudonné: há anos testando os limites da liberdade de expressão | Gonzalo Fuentes/Reuters
Dieudonné: há anos testando os limites da liberdade de expressão| Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

A polícia francesa informou ontem que deteve 54 pessoas por defender ou glorificar o terrorismo desde os ataques terroristas em Paris da semana passada. Entre elas está um controverso comediante de stand-up, preso por causa do comentários feitos na internet.

Um post na página do Facebook de Dieudonné M’Bala M’Bala, mais conhecido como Dieudonné, diz "Eu me sinto como Charlie Coulibaly". A frase parece ser uma referência ao slogan "Je Suis Charlie", símbolo de solidariedade ao Charlie Hebdo, e a Amedy Coulibaly, que invadiu um mercado de comida kosher na quinta-feira, onde matou quatro reféns. Um dia antes, ele teria matado uma policial.

Dieudonné foi detido na manhã de ontem sob suspeita de fazer apologia a atos de terrorismo, informou a promotoria de Paris.

O advogado de Dieudonné, Sanjay Mirabeau, disse que dez policiais detiveram seu cliente em sua casa e o levaram para Paris para interrogatório. Mirabeau negou-se a fornecer mais detalhes. Fotografias da detenção foram postadas na página do humorista no Facebook.

Limites

Há anos Dieudonné testa os limites da liberdade de expressão na França, com comentários que são qualificados como antissemitas e como discurso de ódio por autoridades do governo, entre elas o primeiro-ministro Manuel Valls.

Dieudonné rejeita as acusações e diz que sua atitude não difere da do Charlie Hebdo. Ele participou da manifestação realizada no sábado em apoio aos cartunistas assassinados. "Eu só quero fazer as pessoas rirem, rirem a respeito da morte da mesma forma que a morte ri de nós", disse ele.

Várias pessoas em toda a França foram detidas desde os ataques por fazer apologia ao terrorismo. Kamal Belaidi foi condenado a quatro anos de prisão na segunda-feira após ter apoiado, publicamente, o assassinato de três policiais e por gritar "Allahu akbar" ("Deus é grande") para policiais no local de um acidente de carro, no qual estava envolvido, disse o promotor adjunto Christophe Delattre na terça-feira.

Infração criminal

Embora a lei francesa garanta a liberdade de expressão, negar o holocausto e encorajar o ódio são infrações criminais. Uma lei, aprovada no país em novembro do ano passado, estabelece punição de até sete anos de cadeia e multa de até 100 mil euros (US$ 118 mil) para apologia ao terrorismo na internet.

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