A ex-deputada opositora venezuelana María Corina Machado foi impedida ontem por funcionários da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) de entrar no Palácio Federal Legislativo, sede do Parlamento do país.
Corina só pôde avançar até uma esquina perto do prédio do governo quando sua passagem foi impedida pelos membros da PNB. Depois de alguns minutos, ela foi para a sede de sua organização, a Vente Venezuela, no município de Chacao, que faz parte da capital, Caracas.
A previsão era de que, dali, ela fosse até a sede do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para solicitar uma revisão da decisão tomada pelo presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e por deputados governistas de cassarem o seu mandato.
Perda
A parlamentar perdeu a cadeira na Assembleia por ter aceitado falar sobre a situação da Venezuela em uma sessão da Organização dos Estados Americanos (OEA) na semana passada.
Ainda ontem, o STJ confirmou sua destituição do cargo de deputada. A representação de Corina na OEA "constitui uma atividade incompatível durante a vigência de sua função legislativa no período para o qual foi eleita", afirma um comunicado da Sala Constitucional do Supremo Tribunal.
A sua participação na sessão, que acabou não acontecendo, foi vista como violação a dois artigos da Constituição venezuelana.
Antes de tentar entrar na Assembleia, Corina sofreu os efeitos de gás lacrimogêneo lançado pelos policiais na Praça Brión, onde acontecia uma manifestação a seu favor.
Os manifestantes foram impedidos por policiais de acompanhar a deputada até a entrada da Assembleia. Apoiadores do presidente também marcharam em direção à sede do Legislativo eles qualificam a postura da ex-deputada de "traição à pátria".
Barreiras policiais foram instaladas no caminho até a casa legislativa e também na Praça Brión, onde a opositora fazia um discurso.
"Estamos unidos em um processo de liberdade, em um processo irreversível em direção à democracia. Por que nos calam? Por que temem a verdade e o povo que está na rua, que luta pela liberdade?", disse a opositora.
Grupo da Colômbia empresta papel para jornais venezuelanos
Agência Estado
Três jornais venezuelanos esperam um carregamento de 52 toneladas de papel que vem da Colômbia, o que possibilitará que eles sigam publicando por ao menos duas semanas.
A iniciativa de um empréstimo de papel aos jornais venezuelanos surgiu na Associação Colombiana de Editores de Jornais e Meios Informativos (Andiarios), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1961 e que agrupa atualmente 39 veículos de imprensa. O carregamento será destinado aos diários El Impulso, El Nuevo País e El Nacional.
As toneladas de papel, importadas do Canadá, chegaram ao porto de Cartagena no dia 21 de março e as 75 bobinas seguem em dois caminhões até a cidade de Paraguachón, na fronteira com a Venezuela. O carregamento deve chegar ao local da entrega em 3 de abril.
A Associação espera que a doação aos jornais não enfrente resistência por parte das autoridades venezuelanas na fronteira. O custo do papel é de aproximadamente US$ 35 mil e foi arcado integralmente pela Andiarios.
A iniciativa também é um convite "para que os jornais de outros países e para as associações que lutam pela liberdade de imprensa apoiem a mídia venezuelana", disse Nora Sanín, diretora executiva da Andiarios.
Opinião
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