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Teocracia

Polícia Moral do Irã pode ser substituída por novas tecnologias

Casal em Isfahan, Irã
Casal se abraça em baixo de ponte em Isfahan, Irã, em novembro de 2022. Muitas pessoas vivem vidas duplas no país, em público tentam respeitar as normas da República Islâmica, mas na vida privada as violam. (Foto: EFE/Jaime León)

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O Centro para a Promoção da Virtude e Proibição do Vício do Irã afirmou nesta segunda-feira "que a missão da Polícia Moral terminou", mas ressaltou que estuda a utilização de novas tecnologias para controlar a vestimenta das mulheres.

"A missão das patrulhas da Polícia Moral terminou", declarou ao jornal Jamaran o porta-voz do Centro para a Promoção da Virtude e Proibição do Vício, Ali Janmohamadi.

No entanto, Janmohamadi esclareceu que “decisões estão sendo tomadas sobre a castidade e o véu, para que, se Deus quiser, sejam aplicadas em um quadro mais moderno, com o uso de novas tecnologias”.

O responsável alegou que existe uma grande demanda popular pelo respeito da "castidade e do hijab" (véu), razão pela qual "as autoridades policiais e judiciárias devem tomar medidas".

Autoridades iranianas já usam tecnologias como câmeras de trânsito para multar mulheres que dirigem sem o véu obrigatório, um ato que pode ser punido com até dois meses de prisão.

O Irã vive protestos desde a morte de Mahsa Amini depois de ter sido detida pela Polícia Moral por não usar o véu islâmico de forma adequada, e desde então essa corporação desapareceu das ruas do país.

Os distúrbios começaram com a morte da jovem curda de 22 anos, mas evoluíram e agora os manifestantes pedem o fim da República Islâmica fundada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini em 1979.

Nos quase três meses de protestos, mais de 400 pessoas morreram e pelo menos 2.000 foram acusadas de vários crimes por sua participação nas mobilizações, das quais seis pessoas foram condenadas à morte.

Janmohamadi parece, assim, confirmar o confuso anúncio feito no fim de semana sobre o desmantelamento da Polícia Moral, órgão que monitora desde 2005 as mulheres para que cumpram o rígido código de vestimenta imposto pela República Islâmica.

O procurador-geral do país, Mohamad Yafar Montazeri, afirmou que o polêmico órgão "não tem nada a ver com o Judiciário e foi suprimido por quem o criou", o que foi interpretado como o fim da corporação.

No entanto, a mídia estatal negou posteriormente a supressão da Polícia Moral, que está vinculada ao Ministério do Interior e ao Conselho Supremo Cultural da Revolução.

O Centro para a Promoção da Virtude e Proibição do Vício do Irã monitora a moralidade no país persa, e seus membros incluem os ministros do Interior, Inteligência e Cultura, entre outros.

Em sua forma atual, a Polícia Moral existe desde 2005, mas antes disso teve várias encarnações e foi gerenciada por várias agências para fazer cumprir os estritos regulamentos de vestimenta da República Islâmica.

Em 1983, o aiatolá Khomeini tornou obrigatório o uso do véu, uma vestimenta que declarou ser "a bandeira da revolução" e sem o qual as mulheres ficavam "nuas".

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