A polícia de Pequim revelou nesta terça-feira que dois cidadãos de Xinjiang - região do noroeste da China onde atuam movimentos separatistas - são suspeitos de organizar o incidente ocorrido na última segunda-feira na Praça da Paz Celestial, quando cinco pessoas morreram e 38 ficaram feridas.
Os dois suspeitos, cujos nomes não foram revelados, são naturais das comarcas de Pishan e Shanshan, situadas respectivamente nas Prefeituras de Hotan e Turpan, cuja maioria da população é da etnia uigur.
A polícia, segundo o jornal oficial "Global Times", enviou na última noite mandatos de busca de "suspeitos" em hotéis de Pequim, em que mencionou os dois indivíduos e forneceu registros de quatro veículos de Xinjiang.
Às 12h05 da segunda-feira (2h05 de Brasília) um veículo 4x4 invadiu a área junto ao portão da Praça da Paz Celestial, onde está o famoso retrato de Mao Tsé-tung na entrada da Cidade Proibida, e atropelou vários turistas e policiais em sua passagem, antes de ser incendiado.
No ocorrido, segundo relatórios oficiais, morreram os três ocupantes do veículo e dois turistas, um deles uma mulher filipina e outro um homem da província chinesa do Cantão.
Dos feridos pelo fato, que aconteceu em um dos lugares mais turísticos e de maior simbolismo para o regime comunista, pelo menos três são turistas das Filipinas e um do Japão.
O mesmo lugar foi, há alguns anos, cenário de atos de protesto similares, mas a censura chinesa, em geral, os ocultou e quase não existem detalhes sobre os mesmos.
Em outubro de 2011 houve uma tentativa de autoimolação que só foi divulgada pela imprensa estrangeira e, no mesmo mês de 2010, outro veículo foi queimado perto do retrato de Mao, conforme constatou a Agência Efe na época.
Todos esses fatos, como o da segunda-feira, aconteceram momentos antes do congresso do Partido Comunista da China, a reunião política mais importante do ano para o regime.
Em 1982, uma taxista invadiu a praça de Praça da Paz Celestial, causando a morte de cinco pessoas.
Xinjiang, no extremo noroeste da China, é uma região habitada por etnias muçulmanas descendentes dos povos de Ásia Central, como os uigures e, em julho de 2009, um enfrentamento entre este povo e os chineses da etnia majoritária (han) causou mais de 200 mortos na capital regional, Urumqi.
O governo chinês atribui esse fato e outros ocorridos na região (com frequência contra instalações policiais e militares) a grupos terroristas que buscam a criação de um "Turquestão Oriental" independente em Xinjiang.
Grupos uigures no exílio acusam o regime comunista de reprimir o povo dessa etnia e usar o terrorismo como desculpa para aumentar a colonização e o espólio dos recursos naturais da região, rica em hidrocarbonetos. EFE