Policiais atiraram balas de borracha e acionaram canhões de água contra centenas de pessoas faziam nesta terça-feira uma manifestação em Johannesburgo em defesa do controverso líder da juventude do Congresso Nacional Africano (CNA), Julius Malema. Declarações do líder irritaram a cúpula do partido sul-africano, que o convocou para uma audiência disciplinar.
O protesto, que deixou ao menos um policial e diversos jornalistas feridos, foi considerado o mais grave episódio de violência em frente à sede do partido desde o fim do apartheid, em 1994, disse o secretário-geral do CNA, Gwede Mantashe.
- Não estamos intimidados. Se isso é uma tentativa de intimidar, não está funcionando - disse Mantashe, culpando a Liga da Juventude pela violência. - Aqueles que trouxeram essa multidão aqui terão de assumir a responsabilidade.
A mais recente polêmica criada por Malema foi a afirmação de que a Liga da Juventude do CNA enviaria uma comissão para a República de Botswana para ajudar os vizinhos a expulsar o atual presidente, Ian Khama, eleito democraticamente.
A declaração causou mal-estar no governo sul-africano do presidente Jacob Zuma. Integrante do CNA, Zuma tem liderado as críticas aos EUA, Reino Unido e França em relação à atuação dos países na Líbia. O presidente alega que eles abusaram de uma resolução da ONU para interferir e mudar o regime político líbio.
Uma multidão de simpatizantes de Malema atirou pedras e garrafas de cerveja contra a polícia, e ateou fogo a bandeiras do CNA e a cartazes de Zuma em frente à sede do partido, no centro de Johannesburgo.
Malema ajudou o presidente a chegar ao poder, mas rivais de Zuma estão tentando se aproximar dele, que é visto como potencial futuro líder. Se ele for expulso do partido, Zuma pode ter de lutar para manter sua sobrevivência política.
Em sua segunda audiência disciplinar em pouco mais de um ano, se for declarado culpado por gerar discórdia no partido, Malema poderá ser suspenso do partido por diversos anos.