Manifestantes do movimento “Ocupe Wall Street” dormem em praça no centro financeiro de Nova York| Foto: Michael Nagle/Getty Images/AFP

Reação

Dilma diz que apoia "palavras" de movimentos

A presidente Dilma Rousseff disse ontem em Porto Alegre que apoia "algumas palavras" dos movimentos de protesto contra a crise financeira internacional que se espalharam por Estados Unidos e Europa. "Concordamos com algumas das palavras que alguns movimentos têm feito ao redor do mundo, manifestação como a que a gente vê nos Estados Unidos e em outros países. Eu peguei uma frase que diz assim: ‘Não, nós não vamos pagar pela sua crise’. Nós podemos dizer isso", falou Dilma, em discurso.

Ela disse ainda que a conjuntura atual é "estranha" porque países ricos estão envolvidos em debates sobre dívida, discussões que, para o Brasil, "são um tanto envelhecidas".

"Jamais aceitaremos, como participantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), que certos critérios que nos impuseram sejam impostos a outros países", disse a presidente.

Na capital gaúcha, a presidente enfrentou um protesto de bancários, carteiros e servidores públicos.

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Pelo menos 56 pessoas foram presas nos EUA entre quinta-feira e ontem, durante ação da polícia para dispersar protestos contra o sistema financeiro. Em três cidades do oeste do país – Denver, San Diego e Seattle – 34 manifestantes foram detidos por se opor aos desalojamentos de acampamentos do movimento anticapitalista que se difundiu por todo o território norte-americano. Em Nova York, 14 manifestantes ficaram sob a custódia da polícia.

Em Portland, no estado do Oregon, onde um acampamento com mais de 300 tendas foi montado nos parques da área central da cidade, a polícia deteve 8 manifestantes por terem bloqueado uma avenida.

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Paralelamente, em Nova York os manifestantes conseguiram uma vitória temporária com a suspensão de uma ordem para abandonar a praça onde estão acampados. Desde que o primeiro grupo de ativistas acampou em 17 de setembro nos arredores de Nova York, o movimento cresceu e vem conquistando mais simpatizantes.

As manifestações tiveram início com o movimento "Ocupe Wall Street", em Nova York, em setembro, e se espalhou pelas principais cidades americanas. Grupos de apoio à mobilização também surgiram em outros países, como o Canadá e Inglaterra.

Ontem, Howard Buffett, filho do financista bilionário Warren Buffett, disse à Bloomberg News que compreende as motivações dos manifestantes nos Estados Unidos. "Eu acredito que isso é necessário para fazer as coisas acontecerem. Du­­rante os últimos 15 anos, vimos as grandes corporações espremendo gente".

Os protestos nos EUA ganharam apoio do ex-presidente da Polônia, Lech Walesa, o qual afirmou que pretende visitar os ma­­nifestantes nos EUA ou escrever em apoio aos protestos. Walesa liderou o sindicato dos trabalhadores de Gdnask (Dantzig), na Polônia comunista, em 1980, e foi um dos fundadores do movimento Solidariedade. Walesa, prêmio Nobel da Paz em 1983, foi presidente da Polônia entre 1990 e 1995, após o fim do comunismo.

Outro que comentou os protestos nos EUA foi o aiatolá Ali Kha­­menei, líder supremo do Irã. Kha­­menei disse que a onda de protestos no coração do sistema capitalista reflete um sério problema que no final irá derrubar o capitalismo americano. Ele afirmou que os EUA estão no meio da crise porque "suas fundações corruptas foram expostas ao povo americano".

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