A polícia russa prendeu ontem dezenas de pessoas em uma manifestação não-autorizada, convocada por várias organizações de oposição ao governo do presidente Dmitri Medvedev e do primeiro-ministro Vladimir Putin.
Entre os líderes do movimento está o ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, e o líder do ilegal Partido Nacional Bolchevique, Eduard Limonov, que foi preso. No sábado, Kasparov declarou, na fundação de um novo partido de oposição chamado de Solidariedade, que seu objetivo era "desmantelar" o governo de Putin.
Os manifestantes se concentraram na praça Triumfalnaya, centro de Moscou, onde Kasparov e outros ativistas da oposição haviam planejado uma "marcha de dissidentes", em meio a uma grande presença policial.
Também foi preso o líder da organização opositora My, Roman Dobrokhotov, o mesmo que na sexta-feira interrompeu o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, em seu discurso no Palácio do Kremlin.
"As emendas à Constituição são vergonhosas, precisamos de eleições livres", gritou Dobrokhotov da platéia do palácio, que depois foi retirado da sala pelos seguranças.
O dirigente opositor, que protestava contra as emendas constitucionais propostas por Medvedev, que incluem a ampliação do mandato presidencial de quatro para seis anos, foi demitido de seu trabalho na véspera por corte de pessoal.
De acordo com o site de Garry Kasparov, 50 pessoas, incluindo o presidente da União de Oficiais Soviéticos, o general Alexei Fomin, que se uniu aos manifestantes, foram detidos. Em São Petersburgo, dez pessoas que pretendiam participar em um ato similar também foram presas.
Oposição
A Prefeitura de Moscou não autorizou o ato contra a política do governo do primeiro-ministro Vladimir Putin, que teria a presença de opositores de todos os campos, desde liberais até de extrema-esquerda. Uma fonte policial afirmou à agência russa Interfax que as forças de segurança agiram "legalmente, mas com firmeza".
A maioria dos opositores é contrária às reformas constitucionais propostas por Medvedev que podem favorecer Putin, seu aliado político. Na semana passada, Putin, que tem grande popularidade no país, disse que pretende esperar até 2012 data das próximas eleições para decidir se vai ou não concorrer novamente à Presidência do país.