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Violêmciia

Polícia sueca atira e mata homem com síndrome de Down que segurava arma de brinquedo

Buraco em janela de vidro perto do local Eric Torell foi morto, na quinta, em Estocolmo | JANERIK HENRIKSSON/AFP
Buraco em janela de vidro perto do local Eric Torell foi morto, na quinta, em Estocolmo (Foto: JANERIK HENRIKSSON/AFP)

Na manhã da quinta-feira, a polícia sueca recebeu um telefonema urgente: um homem andava pelo centro de Estocolmo, a capital da Suécia, com o que parecia ser uma arma. Quando os policiais chegaram, encontraram Eric Torrell, de 20 anos. Os agentes pediram para que ele deixasse de lado o que se supunha ser um revólver. Segundo a Autoridade Policial Sueca, os oficiais classificaram a situação como “aterrorizante”.  Eles atiraram em Torrell, que morreu. 

Em uma entrevista ao jornal sueco Expressen, a família de Torrell disse que ele tinha síndrome de Down e autismo e que praticamente não falava. Seu vocabulário consistia principalmente na palavra "mamãe", disse sua mãe, Katarina Soderberg, ao jornal. E a arma na mão dele? Era de brinquedo. "Estamos furiosos porque eles mentiram e inventaram coisas", disse ela. "Um homem ameaçador? Era como uma criança de três anos.”  O pai de Torrell disse ao jornal que três policiais alvejaram Torrell no estômago. 

“Situação ameaçadora”

Em um comunicado, a polícia de Estocolmo disse que seus policiais acabaram em uma "situação ameaçadora" enquanto procuravam alguém e depois abriram fogo contra uma pessoa. Nesta sexta-feira, Martin Tiden, o promotor sueco que investiga o caso, disse que vários policiais dispararam suas armas contra Torrell, mas nenhum deles é suspeito de crime. "O homem segurava um objeto parecido com uma arma e os oficiais abriram fogo depois de julgar a situação como ameaçadora", disse Tiden. 

Um porta-voz da polícia se recusou a comentar o caso para o Washington Post, argumentando que a investigação está em andamento. 

O Expressen informou que o gabinete do promotor público está investigando se houve má conduta por parte do policial. O porta-voz da polícia disse ao Washington Post que estas investigações são padrão em qualquer incidente em que um policial usa uma arma de fogo. 

Ulf Johansson, chefe regional da polícia em Estocolmo, disse em um comunicado que a morte de Torrell foi muito trágica para todos os envolvidos. "Eu ainda quero destacar, por experiência, que decisões muito difíceis em situações pouco claras e de alta pressão devem, às vezes, ser tomadas em um ou alguns segundos", disse ele. 

Casos em alta

John Stauffer, diretor jurídico da Civil Rights Defenders (CRD), um grupo que acompanha a situação dos direitos civis na Suécia, afirmou ao Washington Post que é muito cedo para julgar se a polícia agiu de forma inadequada. Mas disse que sua organização rastreou "um aumento nas mortes em intervenções policiais" na Suécia. 

"Se olharmos para trás, talvez cinco ou seis anos atrás, costumava haver cerca de um incidente por ano em que uma pessoa morria em um tiroteio por causa de uma intervenção policial", disse ele. "Mas, de repente, aumentou para quatro ou cinco incidentes por ano. Então algo mudou". 

Segundo a rádio pública sueca, seis pessoas foram mortas a tiros pela polícia na Suécia este ano. Stauffer disse que a CRD está particularmente preocupada com o tratamento policial dado às pessoas com doenças mentais na Suécia. Ele observou que Torrell, que tinha uma deficiência de desenvolvimento, não se enquadra nessa categoria, mas a situação se encaixa em um debate mais amplo sobre o comportamento da polícia no país nórdico. 

A CRD e a Universidade de Estocolmo desenvolveram um estudo acadêmico sobre a polícia usando perfis étnicos. Segundo Stauffer, eles descobriram que as minorias são abordadas de forma diferente do que os suecos. "Eles são abordados de uma maneira diferente, são parados com mais frequência", disse ele. "Isto mostra um padrão preocupante".

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