Sob acusações de excessos, a polícia turca deixou no fim da tarde de ontem a praça Taksim, no centro de Istambul, após dois dias de enfrentamentos com manifestantes, acampados no local. Esses confrontos envolveram o uso de canhões dágua e o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e deixaram dezenas de feridos.
Os manifestantes se opõem à construção de um shopping em um parque anexo à praça que, dizem, destruirá várias árvores. O movimento, porém, se tornou também um protesto contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan e seu governo.
Os protestos se espalharam para as cidades de Ancara e Esmirna e cresceram após a polícia reprimir violentamente uma manifestação pacífica de pessoas contrárias à reformulação proposta pelo governo. Os planos incluem a construção de um shopping center e a reconstrução de um antigo quartel do exército otomano.
Um mandado administrativo ordenou a paralisação das obras no parque, mas Erdogan colocou em dúvida a validade da decisão judicial, afirmando que isso pode "suscitar perguntas" e "criar mais conflito".
Em um discurso transmitido pela tevê, Erdogan pediu pelo fim dos protestos. "A cada quatro anos nós realizamos eleições, e esta nação faz a sua escolha", afirmou. "Aqueles que têm um problema com as políticas governamentais podem expressar sua opinião dentro da estrutura da lei e da democracia... Estou pedindo aos manifestantes que cessem imediatamente essas ações."
Críticas
Esse é um dos maiores protestos já registrados contra o governo islamita de Erdogan, que muitos de seus opositores consideram conservador e autoritário.
O presidente da Turquia, Abdullah Gül, pediu "maturidade" em meio à tensão surgida pelos violentos enfrentamentos. Gül disse, em comunicado, que ter pontos de vista e opiniões diferentes "é a riqueza de uma sociedade democrática" e acrescentou que "o importante é discutir de forma civilizada e é preciso estar aberto ao diálogo e escutar opiniões diferentes".
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