Ao grito de "esta é nossa praça" e "fora masistas" (militantes do governista Movimento ao Socialismo, MAS), os rebeldes, com os rostos cobertos, lançaram-se sobre um pequeno grupo de pessoas favoráveis ao governo| Foto: AFP PHOTO/Aizar Raldes
Apoiadores de Evo Morales entraram em confronto com os policiais amotinados
Apoiadores de Evo Morales entraram em confronto com os policiais amotinados
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Policiais de baixa patente amotinados por demandas salariais tomaram a Praça de Armas de La Paz, na Bolívia, em frente ao palácio presidencial, depois de terem entrado em conflito com manifestantes favoráveis ao chefe de Estado, Evo Morales.

Ao grito de "esta é nossa praça" e "fora masistas" (militantes do governista Movimento ao Socialismo, MAS), os rebeldes, com os rostos cobertos, lançaram-se sobre um pequeno grupo de pessoas favoráveis ao governo que com vestimentas indígenas e cartazes entravam na praça de governo para expressar seu apoio ao presidente.

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A chutes e pontapés os apoiadores do presidente foram expulsos do local. Os insultos contra os governistas se multiplicavam: "pichicateros" (viciados em drogas), "narcotraficantes", "contrabandistas", gritavam com raiva os amotinados, agitando paus e ferros de forma ameaçadora.

Chapéus e ponchos indígenas, cartazes e panfletos foram destruídos e exibidos como troféu de guerra para acabarem sendo colocados em fogueiras improvisadas.

Os policiais rebeldes também utilizaram bombas de gás lacrimogêneo.

Nas portas do palácio governamental, mulheres de origem indígena foram agredidas pelos policiais, também indígenas, descendentes de aymaras e quechuas, as etnias que apoiam o presidente Morales.

Os policiais amotinados respondiam assim à presença de manifestantes governistas, que consideravam uma provocação. "Não provoquem!", repetiam incessantemente os amotinados, que mantiveram seus adversários na mira, a menos de 100 metros do palácio presidencial.

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Através dos veículos da imprensa estatal, foi convocada no domingo pelos sindicatos ligados ao governo uma manifestação de apoio ao presidente, ameaçado, segundo o governo, por uma conspiração golpista.

Os sindicatos indígenas vinculados ao presidente boliviano, os únicos autorizados até agora a se manifestar nesse espaço, eram expulsos de forma violenta pelos policiais que, em outras circunstâncias, autorizariam sua passagem. Qualquer pessoa com vestimenta indígena era alvo de agressões e expulsa do local.

Os policiais estão amotinados há cinco dias em todo o país exigindo um salário de 2.000 bolivianos (287 dólares, quase 70% mais do que recebem) e rejeitaram um acordo firmado na madrugada de domingo, por considerá-lo insuficiente.

Uma mulher policial, com o rosto coberto, diz à AFP: "meu salário não dura até o fim do mês" e "o que o governo ofereceu é uma brincadeira".

Apesar de autoridades tentarem convencer os cidadãos de que a situação está normal, é evidente que a mobilização dos policiais deixou as cidades sem proteção, obrigando muitos bancos privados a fechar temporariamente.

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O vice-presidente Alvaro García queixou-se que os "amotinados impediam o trabalho dos funcionários do Palácio Legislativo e da chancelaria", localizados no perímetro da Praça de Armas.

Pouco depois, em uma demonstração de força, irrompeu nesse local um grupo de 70 policiais uniformizados, levantando armas. Tinham os rostos cobertos e coletes à prova de balas. Depois deles, uma manifestação de policiais gritava slogans: "com o verde não se brinca (citando a cor de seu uniforme)".

"Não somos contrários ao governo, lutamos por uma vida digna", disse à AFP um dos policiais rebeldes, enquanto a marcha policial vociferava "isso não é um golpe".

Não faltaram os insultos dirigidos ao presidente: "Evo, o povo não é do MAS".

Manifestação dos policiais amotinados

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