O governo do Paraguai enviou 40 policiais ao departamento (unidade administrativa correspondente a Estado) de San Pedro para garantir que os colonos brasileiros realizem a última colheita de soja deste ano e comecem a semear a próxima colheita apesar da hostilidade dos camponeses sem-terra paraguaios. O ministro do Interior, Rafael Filizzola, disse em coletiva de imprensa que os policiais reforçarão a segurança local em San Pedro. "Vamos respeitar a propriedade privada, tanto dos paraguaios quanto dos colonos brasileiros. Nós queremos garantir o trabalho no campo", afirmou.
A polícia paraguaia colaborou rapidamente na retirada, sob ordem judicial, de 70 trabalhadores sem-terra que ocuparam a fazenda de 1,1 mil hectares do paraguaio Francisco Gorostiaga, no povoado de General Resquín, em San Pedro, 340 quilômetros ao norte de Assunção. A fiscal Ninfa Aguilar disse que a retirada foi pacífica. "Detivemos 35 homens, que após a abertura do processo judicial, seguramente serão soltos em liberdade condicional. Não pudemos prender mais pessoas porque muitas estavam fora da propriedade", disse Ninfa.
Gorostiaga arrendou a terra a um colono brasileiro que plantava soja e milho. Por sua vez, Alberto Alderete, diretor do Instituto de Desenvolvimento Rural e da Terra (Indert), confirmou que "o governo deu os primeiros passos para comprar uns 22 mil hectares de terras de colonos brasileiros, que serão depois distribuídos a camponeses pobres".
"Além disso, um equipe de agrimensores foi para diferentes localidades de San Pedro, para verificar a situação legal das terras em poder dos estrangeiros, cumprindo uma promessa que fizemos aos camponeses, de que buscaremos a recuperação das propriedades", afirmou. Alderete especificou que "se encontrarmos terra do governo em poder dos estrangeiros, ela será reintegrada por via administrativa, para depois ser redistribuída aos compatriotas".
Em San Pedro, segundo estimativas do governo paraguaio, cerca de 20 fazendas foram invadidas e outras 15 estão sob ameaça de invasão. O presidente Fernando Lugo prometeu, durante a campanha eleitoral, realizar uma reforma agrária que deverá atender 300 mil famílias camponesas pobres.
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