Um grande júri formado em Nova York decidiu não indiciar um policial que matou um homem negro desramado por estrangulamento enquanto tentava prendê-lo por vender cigarros ilegalmente, afirmou o advogado Jonathan Moore, que representa a família da vítima, nesta quarta-feira.
Eric Garner, de 43 anos, e pai de seis filhos, morreu no dia 17 de julho, no distrito nova-iorquino de Staten Island, depois de ser derrubado e imobilizado com uma "gravata" aplicada por um policial. Há uma semana e meia, um grande júri do Missouri decidiu não indiciar o policial Darren Wilson, branco, que matou o adolescente negro Michael Brown em agosto.
A junta médica da cidade classificou a morte de Garner como homicídio, e o manual da polícia de Nova York proíbe imobilizações estrangulatórias por seu alto risco. O laudo médico afirma que os policiais mataram Garner ao comprimir seu pescoço e peito, e que seus problemas de saúde, como asma e obesidade, contribuíram para sua morte.
O grande júri examinou o caso de Garner desde agosto, e o policial Daniel Pantaleo, que aplicou o estrangulamento, testemunhou por duas horas no dias 21 de novembro. O incidente foi registrado em um vídeo que rapidamente se espalhou pela internet, e elevou as tensões nos debates sobre o uso da força em ações policiais, especialmente contra minorias.
"Me tornei um policial para ajudar as pessoas e proteger aqueles que não podiam proteger a si próprios. Nunca foi minha intenção machucar ninguém e me sinto muito mal com a morte do sr. Garner. Eu e minha família estamos rezando por ele e sua família, e espero que eles aceitem meus pêsames por sua perda", afirmou Pantaleo em comunicado divulgado pelo sindicato dos policiais metropolitanos.
A National Action Network, grupo de direitos civis criado pelo reverendo Al Sharpton, afirmou que a mãe e a viúva de Garner devem se pronunciar sobre a decisão. Já Cynthia Davis, chefe da filial do grupo em Staten Island se recusou a comentar a decisão do júri, e o porta-voz do promotor do distrito, Daniel Donovan, não se manifestou sobre o caso.
O prefeito Bill de Blasio cancelou sua aparição na cerimônia de inauguração das luzes de Natal do Rockefeller Center, e deve dar uma entrevista coletiva sobre o caso.
O sindicato dos policiais metropolitanos voltou a afirmar que os policiais agiram de maneira adequada e dentro dos limites da lei.
"Quando qualquer pessoa neste país não é tratada com igualdade de direitos, temos um problema. Este é um problema americano, não apenas um problema negro, e é meu trabalho como presidente resolvê-lo", afirmou o presidente americano, Barack Obama, em comunicado.