O policial designado para proteger os alunos de uma escola na Florida, nos Estados Unidos, onde um tiroteio terminou com a morte de 17 pessoas na semana passada, escondeu-se, manteve posição de defesa e não entrou no prédio durante os quase seis minutos em que o atirador estava matando estudantes e professores com um rifle AR-15, informou o delegado do condado de Broward, Scott Israel, nesta quinta-feira (23).
O delegado informou que suspendeu o Scot Peterson após ver um vídeo do ataque. “O policial deveria ter entrado e defendido aquelas pessoas, mas não entrou, ficou apenas em uma posição de defesa”, afirmou. Peterson, de 54 anos, policial na escola desde 2009, pediu demissão depois de ser suspenso.
A autoridade policial afirmou ainda que estão sendo investigados outros dois policiais que estavam próximos do local. “Eles poderiam ter feito mais para ajudar”, disse Israel. “Não tenho palavras”, lamentou.
Procurado, o policial Peterson não foi encontrado para dar entrevistas.
A revelação sobre a postura do policial vem em resposta às críticas da opinião pública em relação às autoridades, já que há o consenso de que elas não teriam feito nada para impedir o massacre. O FBI tinha sido advertido no mês passado sobre o perfil violento do atirador, Nikolas Cruz, de 19 anos, mas não fez nada. Além disso, tanto os funcionários da escola, como os assistentes sociais e o delegado tinham recebido avisos preocupantes sobre ele ao longo dos anos.
A descrição do delegado sobre o policial, a de ser um oficial armado e treinado para enfrentar a tentativa de um assassinato em massa, mas não enfrentou o atirador, também vem à tona no momento em que o presidente Donald Trump, em resposta ao massacre de Parkland, sugeriu armar professores como forma de dissipar possíveis ameaças. Ao mesmo tempo, a Associação Nacional do Rifle (NRA) também estimula a presença de mais guardas armados nas escolas.
Trump sugeriu que a presença de pessoas armadas nas escolas poderia ajudar a impedir um atirador. No entanto, o anúncio do delegado, na quinta-feira, sugeriu que, mesmo que uma pessoa esteja armada, treinada e disponível para ajudar, isso não pode impedir uma morte em massa que se desenrola em questão de minutos.
A decisão do policial de permanecer fora do local do tiroteio é contraria às práticas policiais recomendadas para resolver ataques como esse. Desde o ataque de 1999, na Escola Secundária Columbine de Colorado, as autoridades enfatizaram a importância de perseguir o atacante rapidamente em um esforço para eliminar a ameaça e prevenir mortes adicionais.
“Columbine estimulou novas abordagens para que os oficiais de patrulha sejam treinados para responder aos atiradores ativos o mais rápido possível”, recomenda o relatório resultado de um encontro feito em 2014 com delegados de diferentes cidades dos EUA.
Essa abordagem é arriscada, continuou o relatório, porque “uma resposta mais rápida é mais perigosa para os policiais. Os policiais que se dirigem rapidamente ao local do tiroteio enfrentam uma alta probabilidade de serem mortos”.
Peterson é citado em uma investigação sobre Nikolas Cruz, o jovem de 19 anos autor do atentado. De acordo com um relatório do Departamento de Crianças e Famílias da Flórida, em 2016 Peterson foi abordado por pesquisadores e “recusou-se a compartilhar qualquer informação sobre um incidente ocorrido com o adolescente Nikolas Cruz”.
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