Após morte do líder, palestinos se dividiram entre partidos Dois anos depois da morte do líder Yasser Arafat, a política e a sociedade palestina ainda não conseguiram superar sua ausência. Este sábado, dia 11 de novembro, marca o segundo aniversário da morte de Arafat, que muitos consideram o "pai" da causa palestina.

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Embora tenha havido grande mudanças na organização das lideranças palestinas neste período – notadamente a vitória do grupo islâmico Hamas nas eleições deste ano – nenhum líder conseguiu substituir Arafat ou unificar a nação como ele fez.

"Abu Amar (apelido de Arafat entre os palestinos) não está mais presente e não é possível substituí-lo. O que precisamos é de instituições fortes que possam tornar desnecessário o carisma pessoal do líder", diz o diretor do programa de ciências políticas da Universidade Birzeit, em Ramallah, Samir Awad.

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Os palestinos já têm eleições com mais regularidade do que a grande maioria dos países do Oriente Médio, mas isso não significa que um sistema de divisão e transição de poder esteja funcionando.

Uma das evidências mais claras do problema é a disputa entre o grupo islâmico Hamas – que domina o Parlamento – e o Fatah, do presidente Mahmoud Abbas. Com a vitória dos islâmicos nas eleições parlamentares, o Fatah esta tendo que dividir pela primeira vez o poder. A experiência não tem sido nada pacífica.

Eleições

O vice-ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina, Ahmed Sobeh, diz que todo o sistema eleitoral e administrativo já está sendo preparado para funcionar sem depender de figuras de carisma.

O que precisamos é de instituições fortes que possam tornar desnecessário o carisma pessoal do líder

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Samir Awad, cientista político de Ramallah

Mas Sobeh admite que o trabalho ainda está incompleto e é muito difícil de ser executado.

"Principalmente sob ocupação estrangeira (de Israel), isso é um trabalho quase impossível. Não temos autonomia para nada", reclama.

O vice-ministro diz que em toda a sociedade palestina ainda se sente muito a ausência de Arafat, principalmente dentro do partido Fatah.

"Não ter mais Yasser Arafat é algo muito difícil para nós. Mas estamos nos esforçando para unificar o partido e esperamos que nas próximas eleições estejamos prontos para mostrar de maneira contundente que o Fatah está unido em favor do povo palestino", diz.

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Racha

Mas o cientista político Samir Awad acredita que o Fatah não não está livre do risco de passar por um racha com facções internas criando novos partidos.

"É só examinar como o Fatah está se comportando para perceber que o movimento não está nem um pouco unificado. Não me surpreenderia nem um pouco em ver disputas internas entre as facções ficando cada vez mais graves", diz Awada.

Militante do movimento Fatah, no entanto, afirmam que o grupo politico ainda trabalha para permancer unido.

"Com ou sem Yasser Arafat o Fatah é o partido que representa os palestinos e vai continuar sendo importante", diz o integrante do comitê regional do Fatah em Ramallah e funcionário do ministério do Interior, Eyad Marar.

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"Cada vez mais os palestinos estão percebendo que as coisas eram melhores no tempo de Arafat, e tenho certeza que nas próximas eleições isso vai ficar claro nas urnas", espera o militante.