A abundância de políticos advogados no Brasil é coerente com o alto número de egressos das faculdades de Direito no país. Ficamos pouco atrás do líder mundial, os EUA, que têm um advogado para cada 263 pessoas, enquanto por aqui há um para cada 344 brasileiros.

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Além da grande oferta de profissionais, conta para a identificação entre carreira e cargo um resquício da legislação brasileira pós-1808. Com a chegada da corte portuguesa, cargos burocráticos foram criados a rodo, e a lei condicionava a admissão ao diploma de bacharel em Direito. "Hoje não é obrigatório, mas fica a tradição", diz o cientista político da UnB Paulo Kramer.

Nem seria preciso lembrar que não existe mais a exigência do curso de Direito, já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é torneiro mecânico de formação e há vereadores radialistas, pastores e até um líder de torcida, em Curitiba.

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Um diferencial na política brasileira é a presença de muitos médicos. A carreira de Juscelino Kubitschek é a terceira mais frequente entre os deputados federais que ingressaram na Câmara em 2006, enquanto no mundo é apenas a sétima mais comum na política.

Seria porque aqui a profissão é muito ligada à elite? O professor Ricardo Oliveira diz que sim, com a autoridade de quem estudou as dinastias dentro da política paranaense, o que resultou no livro O Silêncio dos Vencedores.

Para o sócio do escritório L.O. Baptista Advogados Eduardo Matias, a presença de médicos serve bem ao enxugamento do Estado, que tende a regular sobre cada vez menos áreas. "Sobrou pouco, como saúde e educação", diz Matias. "Ter médicos para tratar das questões de saúde é o ideal."

Radialista ou médico, advogado ou engenheiro, um ponto em comum todos os políticos têm, na opinião do professor Oliveira: "Todos que entram, enriquecem". (HC)

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