Três deputados independentes que vão decidir a formação do governo minoritário da Austrália se reuniram nesta terça-feira para formar uma frente unida, mas excluíram a possibilidade de uma solução rápida para um impasse político que vem afetando os mercados financeiros.
Os três disseram que poderão ter reuniões na quarta-feira com a primeira-ministra trabalhista Julia Gillard e seu rival conservador Tony Abbott, mas que não tomarão nenhuma decisão apressada.
"Não queremos apressar este processo. Vamos tentar dormir um pouco hoje. Estamos todos cansados", disse Tony Windsor, um dos três deputados de base rural que detêm a chave do poder, falando com repórteres na Casa do Parlamento, em Canberra.
A eleição do fim de semana deixou a Austrália com seu primeiro Parlamento dividido desde a 2a Guerra Mundial. Outro deputado independente, Bob Katter, disse que há poucas chances de qualquer avanço decisivo nas discussões preliminares com os líderes dos principais partidos, avisando que serão apenas discussões iniciais.
"Voltaremos para uma semana cheia na próxima semana", disse Katter, acrescentando que seria precoce fechar um acordo antes de as autoridades eleitorais terminarem a contagem dos votos das cadeiras mais fortemente disputadas, o que acontecerá no final da próxima semana.
Estão em jogo na eleição o destino do imposto de 30 por cento sobre os lucros do setor mineiro, planejado pelos trabalhistas, uma rede de banda larga de fibra ótica de 38 bilhões de dólares e um futuro preço do carbono que o setor energético afirma ser necessário para garantir a continuidade dos investimentos no setor.
A contagem mais recente aponta para 71 vagas para os trabalhistas e o mesmo número para a oposição conservadora, sendo que são necessárias 76 cadeiras para garantir uma maioria. Mas os especialistas eleitorais preveem que os dois lados terminarão com 73 cadeiras cada, deixando a decisão do poder nas mãos de três deputados independentes e um do Partido Verde.
Os corretores de apostas dizem que o Partido Trabalhista é o favorito. Mas os mercados torcem por um governo conservador para combater os verdes, que querem impostos mais altos, bem-estar social mais generoso e a atribuição de um preço à poluição de carbono gerada pelas indústrias, podendo mudar o equilíbrio de poder no Senado.
O economista regional Simon Wong, do banco Standard and Chartered, previu que o imposto polêmico sobre a mineração estará acabado, não importa qual dos dois partidos principais acabe no poder."No período que antecedeu a eleição, a discussão desse assunto mostrou ser o fator chave que reduziu a vantagem inicial dos trabalhistas. O imposto provavelmente será um peso político grande demais para ser carregado pela próxima administração", disse ele.
Tony Abbott disse que poderá comandar um governo estável, em contraste com as tensões internas do Partido Trabalhista, e que oferecerá "papéis importantes" aos independentes. Ele se negou a revelar se mudará qualquer política e observou que o resultado ainda deve levar algum tempo para sair.
"Ninguém deve esperar que este seja um processo rápido", disse Abbott a jornalistas.