A Polônia registrou protestos contra o governo pelo 11.º dia seguido, desencadeados pelo endurecimento da lei de aborto do país. Pessoas em muitas cidades desafiaram a restrição a reuniões públicas para mais de cinco pessoas. Marchas, algumas delas realizadas em silêncio, foram organizadas neste domingo em Szczecin, Wroclaw, Cracóvia, Lodz, mas não na capital polonesa, Varsóvia, onde cerca de 100 mil protestaram na sexta-feira.
Alguns manifestantes carregavam crisântemos e velas memoriais como lembretes de que hoje é o Dia de Todos os Santos, feriado nacional. Os poloneses não conseguiram visitar túmulos de seus entes queridos porque o governo decidiu fechar todas os cemitérios devido à rápida propagação do novo coronavírus.
Milhares de poloneses, principalmente jovens, protestam diariamente contra o governo de direita e o partido governista Lei e Justiça desde que o tribunal constitucional do país decidiu, em 22 de outubro, anular uma disposição de Lei de aborto da Polônia que permitia aborto de fetos com defeitos congênitos.
Eles têm clamado pela renúncia do governo, que está no poder desde 2015. Os movimentos do governo para controlar o sistema judicial, uma nova lei de direitos dos animais e observações contra direitos LGBT por parte de autoridades polonesas já haviam provocado protestos antes da decisão sobre aborto.
Mais protestos, liderados por ativistas dos direitos das mulheres, estão planejados para a próxima semana.
Polícia dispara tiros de alerta em protesto na Bielo-Rússia
Milhares de manifestantes na Bielo-Rússia foram às ruas da capital, Minsk, para exigir a renúncia do presidente do país, Alexander Lukashenko, pelo 13.º domingo consecutivo. A polícia disparou tiros de alerta para o ar e usou granadas de atordoamento para dispersar as multidões.
Cerca de 20 mil pessoas participaram da manifestação, estimou o centro de direitos humanos Viasna. Grandes multidões se reuniram na parte leste de Minsk e seguiram em direção a Kurapaty, área arborizada nos arredores da cidade onde 200 mil pessoas foram executadas pela polícia secreta soviética durante a era stalinista.
Manifestantes carregavam faixas com os dizeres: "A memória do povo (dura) mais tempo do que uma vida de ditadura" e "Pare de torturar seu povo!" A multidão dirigiu gritos de "Vá embora!" a Lukashenko, que conquistou seu sexto mandato em eleição em 9 de agosto. A vitória esmagadora de Lukashenko sobre a popular e inexperiente desafiante, Sviatlana Tsikhanouskaya, desencadeou a maior e mais sustentada onda de protestos em massa de seus 26 anos no poder.
O Ministério do Interior da Bielo-Rússia ameaçou usar armas de fogo contra frequentadores de manifestações "se necessário". No domingo, a polícia reconheceu que policiais emitiram vários tiros de aviso para o ar durante a manifestação em Minsk "para evitar violações da lei".
Veículos off-road blindados equipados com metralhadoras foram vistos em Minsk pela primeira vez em quase três meses de protestos, junto com veículos com canhões de água e outros equipamentos. Várias estações de metrô foram fechadas, e o serviço de internet móvel não funcionou. A polícia deteve mais de 200 pessoas em Minsk e outras cidades bielo-russas onde protestos foram realizados no domingo, de acordo com o centro Viasna.
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