Participação - Poloneses no Paraná votam pelo consulado
O andar que se abre após o 33º degrau da torre da Igreja São João Batista do Tingui, em Curitiba, abriga duas lembranças da presença da imigração polonesa no Paraná. Uma delas é a réplica de um retrato de Nossa Senhora do Monte Claro padroeira da Polônia ofertada a Curitiba pelo Papa João Paulo II durante sua visita à cidade, em 1980. A outra é o trabalho do padre polonês Zdzislaw (pronuncia-se "dislau") Malczewski, de 60 anos, reitor da Missão Polonesa no Brasil e pesquisador das influências culturais dos imigrantes poloneses no país.
Morando no Brasil desde 1979 e em Curitiba desde 1985, o pároco é um dos cerca de 50 imigrantes e descendentes de poloneses que participam das eleições polonesas, votando no consulado do país em Curitiba. Para ele, o voto é uma forma de expressar a cidadania e o vínculo com o país. "O imigrante ama duas pátrias: a de origem e a em que vive", afirma.
Embora longe da Polônia por conta do trabalho religioso, Zdzislaw mantém o interesse pela política do país e acompanha as edições on-line dos jornais poloneses. "Desde o fim do governo comunista na Polônia, em 1989, participei de todos os processos eleitorais", garante.
O pároco relembra o dia 10 de abril deste ano, quando a queda de um avião matou o então presidente, Lech Kaczynski, sua esposa e vários membros do governo polonês. "Foi um choque. Os poloneses passaram por dias muitos dolorosos. Faço votos que, após as eleições, o país se recupere deste trauma", deseja Zdzislaw.
A seção eleitoral organizada pelo Consulado Geral da Polônia em Curitiba ficaria aberta ontem, um dia antes da data oficial do pleito, porque as votações no exterior não podem encerrar depois do fechamento das urnas na Polônia. Apesar de o Paraná abrigar uma das maiores colônias polonesas fora da Europa, a participação deve ser restrita, embora crescente. "Nossa comunidade polonesa está na terceira ou quarta geração de descendentes. Muitos sequer tem a cidadania ou o passaporte", explica Dorota Barys, consul da Polônia em Curitiba. "Porém esperamos um aumento na participação devido à forma trágica como se encerrou o mandato do último presidente, o que sensibilizou as pessoas", ressalta. (Osny Tavares)
Os poloneses elegem neste domingo o sucessor do presidente Lech Kaczynski falecido em um acidente de avião em abril. Com a perda inesperada, o primeiro-ministro polonês foi obrigado a convocar eleições antecipadas e adiantar o pleito em quatro meses. A Polônia é uma república parlamentarista, em que o presidente exerce um papel menos executivo e mais simbólico, como representante do país no exterior e chefe das Forças Armadas.
Devido à comoção causada pela morte do presidente e da primeira-dama, a votação deste domingo deve ter uma participação mais intensa dos eleitores. No velório do presidente Kaczynski, em abril, milhares de poloneses enfrentaram filas de até 10 horas para passar em frente aos caixões das vítimas do acidente aéreo.
Embora defendam políticas bastantes distintas, os dois candidatos principais (e também os coadjuvantes) destas eleições realizaram uma campanha mais comedida, sem grandes altercações, em memória do ex-presidente.
Além da tragédia, inundações recentes que devastaram o sul do país também devem se refletir nas urnas. Nessa sucessão de infelicidades, os símbolos se converteram em elementos essenciais das campanhas eleitorais, comenta Eryk Mistewicz, especialista em marketing político. "Os termos Polônia, patriotismo e família estão muito presentes nos discursos dos dois principais candidatos", ressalta.
No pleito, estão expostas profundas divisões entre os liberais pró-europeus de Bronislaw Komorowski e os conservado-res nacionalistas de Jaroslaw Kaczynski, gêmeo do presidente morto.
Candidatos
Segundo pesquisa publicada na sexta-feira, Komorowski, de 58 anos, poderia obter os 51% dos votos necessários para vencer no primeiro turno. Porém outras sondagens afirmam que o duelo com Kaczynski, de 61 anos, vai se arrastar para um segundo turno, no dia 4 de julho.
"Mais do que nunca, há duas visões do Estado e até de civilização", afirma Edmund Wnuk-Lipinski, sociólogo do Instituto de Estudos Políticos de Varsóvia. "Uma é aberta, representada pela Plataforma Cívica (PO), o partido de Bronislaw Komorowski, e a outra, mais intimista, encarnada pelo Partido Direito e Justiça (PiS) de Jaroslaw Kaczynski", considera.
Komorowski é o presidente da Câmara Baixa do Parlamento e chefe de Estado interino desde a morte de Lech Kaczynski, em 10 de abril, na queda de um avião em Smolensk, oeste da Rússia. No acidente morreram também a primeira-dama e outros 94 passageiros.
Em luto pela morte de seu irmão gêmeo, o candidato conservador Jaroslaw Kaczynski faz um apelo ao consenso, assim como o adversário. Também usou palavras de apreço para com a Rússia e a Alemanha, o que representa uma viravolta em relação a seu discurso anterior mais hostil contra ambas as potências e em relação à sua atuação como primeiro-ministro, de 2006 a 2007.
Na sexta-feira, Jaroslaw Kaczynski foi rezar junto ao túmulo de seu irmão Lech, acompanhado pela sobrinha Marta, filha do presidente falecido, na cripta da catedral de Wawel, na Cracóvia (sul), segundo as imagens da televisão.
Trata-se de visita "estritamente privada", disse Pawel Poncyliusz, porta-voz do estado maior de campanha do candidato conservador. Komorowski também deixou, na quinta-feira, uma coroa de flores no túmulo de Lech Kaczynski e de sua esposa Maria.
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