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China admite ser a maior emissora de CO2
Pequim - A China reconheceu oficialmente pela primeira vez, nesta terça-feira, ter se tornado o principal país do mundo em volume de emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. "Ocupamos agora o primeiro lugar mundial em volume de emissões", disse durante entrevista coletiva, em Pequim, Xie Zhenhua, chefe dos negociadores chineses para as questões climáticas.
Até agora, as autoridades chinesas não reconheciam abertamente este dado, estabelecido pela comunidade científica e as organizações internacionais, como a Agência Internacional de Energia (AIE). Pequim preferia insistir na necessidade de usar o cálculo do volume de emissões por habitante, segundo o qual a China, com seu 1,3 bilhão de habitantes, ficaria folgadamente atrás dos países desenvolvidos.
Como sinal de que o tema continua sendo sensível, a declaração de Xie Zhenhua foi censurada da transcrição oficial da coletiva que ele concedeu. Representantes de mais de 190 países se reúnem de 29 de novembro a 10 de dezembro, em Cancún (México), para tentar chegar a um acordo para a redução das emissões, um ano depois da Cúpula de Copenhague.
AFP
Genebra - Um relatório da Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), uma agência das Nações Unidas, revelou ontem que os níveis de gases causadores do efeito estufa na atmosfera atingiram recordes em 2009.
A entidade afirma que os esforços para reduzir as emissões de gás carbônico, metano e óxido nitroso não diminuíram a concentração atmosférica desses gases, em grande parte apontados como responsáveis pelo aquecimento global.
A agência sediada em Genebra afirma que as concentrações de gás carbônico aumentaram em 2009 em 1,6 parte por milhão, chegando a 386,8 partes por milhão. Antes da Era Industrial, a concentração média de gás carbônico era de 280 partes por milhão. Quanto maior a concentração de gases causadores do efeito estufa, mais o calor fica preso na atmosfera.
A WMO afirmou também que as recentes turbulências na economia mundial não reduziram de modo significativo as emissões de gases causadores do efeito estufa. "As concentrações de gases causadores do efeito estufa atingiram recordes apesar da desaceleração econômica", disse Michel Jarraud, secretário-geral da WMO. "Elas seriam ainda maiores, sem a ação internacional tomada para reduzi-las", notou ele.
Jarraud destacou o risco de problemas na região do Ártico, com o aumento das emissões. Segundo ele, a concentração de metano nas regiões frias da parte norte do mundo pode causar mudanças climáticas no futuro. Segundo ele, essa questão "é de grande preocupação e está se tornando um foco de pesquisas e observações intensivas".
Metas insuficientes
Os cortes de emissão de gás carbônico prometidos pelos países na cúpula de Copenhague do ano passado estão abaixo do necessário para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, advertiu nesta terça-feira a agência ambiental das Nações Unidas.
O relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) vem à tona em um momento no qual negociadores se preparam para uma nova rodada de conversações sobre o tema, a partir da próxima semana em Cancún, México.
Mesmo se os compromissos voluntários adotados no ano passado no chamado Acordo de Copenhague fossem cumpridos integralmente, isso só atingiria 60% dos cortes de emissão necessários para impedir que as temperaturas subam mais de 2ºC sobre os níveis pré-industriais, elevação considerada a máxima possível antes que efeitos catastróficos se façam sentir.
No entanto, o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner, referiu-se aos compromissos como "um bom primeiro passo" e disse que a diferença pode ser suprida com cortes mais intensos. "Há uma lacuna entre a ciência e os níveis atuais de ambição", disse Steiner, em nota. "Mas o que o relatório mostra é que as opções na mesa agora podem nos levar quase a 60% do caminho".
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