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Torre Eiffel, em Paris, ficou encoberta por uma névoa causada pela poluição | Charles Platiau/Reuters
Torre Eiffel, em Paris, ficou encoberta por uma névoa causada pela poluição| Foto: Charles Platiau/Reuters

22 euros era a multa aplicada por desobedecer o rodízio de veículos. A decisão, que também terminou à meia-noite de segunda-feira, foi complementada com o estacionamento gratuito nas áreas residenciais e a proibição de circulação dos caminhões pesados.

Incentivo

Além de não cobrar pelo uso do carro elétrico, foram estabelecidas na semana passada em Paris outras medidas excepcionais com o objetivo de incentivar as pessoas a deixarem o carro em casa. Assim, ficou estabelecida a gratuidade temporária do metrô, dos ônibus e dos trens de cercanias da cidade, cujo custo ronda os 4 milhões de euros diários, segundo a empresa responsável por administrar o sistema.

Tráfego

A circulação alternativa de veículos conseguiu, entre outras coisas, reduzir também os engarrafamentos em uma área metropolitana na qual vivem cerca de 12 milhões de pessoas. Segundo os dados oficiais divulgados pela prefeitura de Paris, no começo de segunda-feira havia 114 quilômetros de engarrafamentos acumulados na região parisiense, frente aos 259 quilômetros frequentes. O tráfego rodado em geral caiu 25%.

A poluição atmosférica que castiga Paris, asfixiada há pouco mais de uma semana e submetida a medidas excepcionais para voltar à normalidade, se transformou na vitrine perfeita para o serviço de carros elétricos e públicos da capital francesa.

O uso do chamado Autolib, um veículo completamente elétrico que desde 2011 faz parte da oferta de transporte público em Paris, registrou um aumento de 60% desde que a cidade se encontra em alerta ecológico.

Isso se deve ao fato de que, seguindo a linha de outras decisões de urgência para tentar fazer com que o elevado número de partículas finas deixe de envenenar o ar parisiense, os 2.115 carros desse gênero são gratuitos.

A gratuidade vale para os 137 mil donos de um abono anual (de 120 euros para particulares), que não têm que pagar os 5,5 euros suplementares que custa alugar durante 30 minutos um desses veículos. Com eles é possível estacionar em 867 estações e se alimentar em 4.540 pontos de carga elétrica na capital.

Essa oferta ecológica terminou na meia-noite da última segunda-feira, pois esperava-se que até lá o pico de poluição tivesse sido superado.

A prefeitura de Paris estima que a densidade de partículas finas se situará de novo entre 40 e 55 miligramas por metros cúbicos, abaixo do nível de alerta, fixado em 80, e longe das 100 miligramas que foram alcançadas nos últimos dias.

Na segunda-feira também foi proibido circular em Paris e nos 22 municípios nos arredores com carros cujas placas eram terminadas em número par, salvo os que transportassem três ou mais pessoas), uma iniciativa comum em outras cidades do mundo, mas inédita em Paris desde 1997.

Qualidade do ar ganha espaço no debate eleitoral

A poucos dias da realização em Paris do primeiro turno das eleições municipais, que acontece no próximo dia 30, a ecologia ganhou espaço no debate político. As duas candidatas à prefeitura, a socialista Anne Hidalgo e a conservadora Nathalie Kosciusko-Morizet, ex-ministra de Transportes, levaram a qualidade do ar à campanha.

Hidalgo, favorita nas enquetes para se transformar na primeira mulher da história a governar Paris, propõe ampliar o Autolib a toda a região da capital, aumentar a oferta de bicicletas públicas e introduzir algumas com motor elétrico.

Já Natalie, que criticou as tardias e "cosméticas" medidas adotadas em regime de urgência pela prefeitura, aposta em multiplicar em quatro as zonas de pedestres e desenvolver as iniciativas para compartilhar veículos particulares. Ambas querem, além disso, frear o uso de ônibus movidos a diesel na capital. A socialista aposta na "substituição progressiva", enquanto a conservadora quer "erradicá-los".

Pierre Mongin, presidente da RATP – a empresa pública de transporte em Paris – afirmou ao jornal Le Monde que espera para 2025 que não haja em Paris nenhum ônibus com motor a diesel, um tipo que gera grande parte das micropartículas que envenenam o ar.

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