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O astronauta brasileiro Marcos César Pontes chegou bem ao Centro de Treinamento de Astronautas Yuri Gagarin neste domingo e deve permanecer no local até o dia 19. Pontes desembarcou, vindo de Kustanay, no Cazaquistão, junto com os outros dois integrantes da missão anterior, o americano William McArthur e o russo Valery Tokarev. Eles foram de avião para a Cidade das Estrelas, onde fica o centro de treinamento, a cerca de 50 quilômetros de Moscou.

O americano e o russo, que permaneceram no espaço por seis meses, desceram do avião visivelmente com dificuldades, amparados pelos respectivos médicos. Pontes também foi auxiliado pelo seu médico, Luís Cláudio Luttis, mas teve menos problemas para caminhar.

O trio chegou às 14h (7h de Brasília) no centro de treinamento, três horas depois do previsto, por causa do mau tempo.

Com Pontes, vieram os experimentos brasileiros levados ao espaço. O coordenador da Missão Centenário, Raimundo Mussi, acaba de assinar os protocolos de recebimento das oito experiências. Elas estavam lacradas dentro de um sala da Embaixada do Brasil na Rússia.

Dos experimentos brasileiros, apenas um será verificado ainda neste domingo. É o que testa os mecanismos de reparo do DNA (ácido desoxirribonucleico) de bactérias, para ver se funcionam da mesma maneira fora da Terra. Os outros seguem para São José dos Campos (SP) provavelmente nesta segunda-feira, segundo o coordenador das experiências brasileiras na missão, Flávio de Azevedo Correa.

Primeiro brasileiro a ser enviado ao espaço, Marcos Pontes aterrissou no Cazaquistão, às 20h47m (horário de Brasília) deste sábado. A nave russa Soyuz TMA-7 se desacoplou da Estação Espacial Internacional (ISS) por volta das 17h20m deste sábado e pousou em uma área de 60 km a 80 km de raio em torno da cidade Arkalyk, no Cazaquistão. Um forte esquema de resgate foi montado para a retirada da Soyuz.

- A Soyuz fez um pouso suave - disse um oficial do controle da missao em Moscou, após a pequena cápsula, chamuscada e enegrecida pela reentrada na atmosfera, aterrissar na estepe ao norte do Cazaquistão.

Helicópteros militares russos foram enviados ao local de pouso para recuperar a cápsula, que havia deixado a estação espacial três horas antes.

Após o pouso, os tripulantes da Soyuz foram colocados em cadeiras especiais para descansar, cobertos por peles de animais e tomaram chá para se protegerem do frio da manhã no seu primeiro contato com ar fresco.

- Eu estou muito feliz. Obrigado por tudo - disse Pontes.

Antes de entrar na nave espacial, às 17h30m, de volta à Terra, Pontes, Tokarev e McArthur se despediram dos astronautas Pavel Vinogradov (Rússia) e Jeffrey Williams (EUA), que acompanharam o brasileiro na viagem de ida e ficarão na ISS por pelo menos seis meses.

A bordo da Soyuz

O principal objetivo da viagem de Pontes foi divulgar o programa espacial brasileiro. Batizada de "Missão Centenário", a viagem ao espaço iniciou-se no dia 29 de março na base de lançamento Baikonur, no Cazaquistão. Esta foi a 13ª viagem espacial à ISS. Para o brasileiro, a missão durou dez dias, sendo que oito deles passou dentro da ISS, onde foram realizados oito experimentos científicos, um deles sobre a germinação de sementes de feijão, proposto por crianças de escolas de Sao José dos Campos.

No decorrer da viagem, ele participou de diversas entrevistas e videoconferências, entre elas uma em que conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o comparou ao tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna, por ter carregado a bandeira brasileira ao entrar na ISS. O piloto costumava fazer o mesmo gesto ao vencer suas provas.

Depois de sair do cosmódromo de Baikonur, a nave que levou o brasileiro ao espaço se acoplou à ISS na madrugada do dia 1º de abril. Quando os dois astronautas que estavam na estação - os mesmos que voltaram com Pontes para a Terra - abriram as escotilhas, o paulista de Bauru foi o primeiro a entrar na ISS, empunhando a bandeira nacional.

Pontes foi selecionado em 1998 pela Agência Espacial Brasileira (AEB) para participar de um treinamento para astronautas da Nasa, que seria realizado no Johnson Space Center, em Houston.

Ele foi um dos seis estrangeiros entre 32 candidatos do programa e o único de um país em desenvolvimento - os outros não-norte-americanos vinham da Itália, da Alemanha, da França e do Canadá.

Em 2000, ao final do treinamento, o brasileiro passou a ser considerado um astronauta e a integrar a equipe da Nasa.

Ele deveria ter voado com um ônibus espacial americano em 2001, mas essa missão acabou sendo adiada por razões financeiras e depois suspensa indefinidamente, quando a Nasa paralisou sua frota de ônibus espaciais em virtude do acidente com o Columbia, em 2003. Pontes participou das investigações sobre o incidente.

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