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Cena da peça "A Descoberta das Américas" | Divulgação/Diego Pisanti
Cena da peça "A Descoberta das Américas"| Foto: Divulgação/Diego Pisanti

São Paulo – O crescimento populacional e o crescimento dos centros urbanos estão criando um planeta de favelas, no qual a população urbana terá dobrado por volta de 2030, prevê um relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), divulgado ontem. Favelas em cidades de África e Ásia vivem um crescimento acelerado, aumentando 1 milhão de pessoas por semana, adverte a "Situação da População Mundial 2007, desencadeando o potencial do crescimento urbano".

A partir de 2008, mais da metade dos 6,7 bilhões de habitantes do planeta viverá em centros urbanos, diz o relatório. E até 2030, os moradores das cidades corresponderão a 60% da população. A pobreza aumentará, assim como as tensões sociais.

"A maioria do crescimento urbano ocorrerá em países em desenvolvimento, e vai ser da população pobre. As cidades têm que ser desenhadas para os pobres porque são dos pobres. Essa é uma recomendação muito forte: a idéia de aceitar o direito da pessoa pobre à cidade", disse a diretora-executiva do Unfpa, Alanna Armitage.

"Os tomadores de decisão têm que mudar o foco das políticas públicas, e se prepararem para esse crescimento urbano maciço", observou.

Apesar de os grandes centros continuarem crescendo, a maioria da população viverá em cidades de até 500 mil habitantes. Esse fenômeno ocorrerá com mais intensidade na Ásia, África e América Latina. De acordo com o estudo, a população das cidades africanas e asiáticas dobrará, com um acréscimo de 1,7 bilhão de pessoas.

"Nossa maior preocupação é com África e Ásia. Em uma geração, entre 2000 e 2030, a população da Ásia passará de 1,4 bilhão para 2,6 bilhões, e a da África de quase 300 milhões para 740 milhões. Na América Latina, será de 400 milhões para 600 milhões", revelou Alanna.

Mito que, de acordo com o relatório, está desfeito é o que atribui o crescimento urbano à imigração. O crescimento está acontecendo por razões vegetativas, a diferença entre mortalidade e natalidade. As cidades, observa Alanna, estão crescendo de dentro para fora.

Principais conclusões

1) A urbanização é inevitável, mas seus efeitos podem ser altamente positivos se as cidades se prepararem ou desastrosos em caso contrário.

2) Não são as megacidades que concentram o crescimento. Ele se dá principalmente em cidades médias.

3) Também não é a migração rural-urbana que mais explica a expansão, mas sim o crescimento vegetativo nas cidades.

4) A concentração populacional é melhor para o meio ambiente do que a dispersão.

5) Os pobres têm direito à cidade e a decisão de migrar ou permanecer lá é racional. A pobreza é, em média, maior nas áreas rurais, onde também é mais difícil para os governos universalizar o acesso a serviços como educação e saúde.

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