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Migração

População urbana supera rural pela 1.ª vez na China

Homem caminha por viaduto diante de prédios de apartamentos em Pequim: crescimento urbano terá impacto sobre a economia e o meio ambiente chineses | Ed Jones/AFP
Homem caminha por viaduto diante de prédios de apartamentos em Pequim: crescimento urbano terá impacto sobre a economia e o meio ambiente chineses (Foto: Ed Jones/AFP)

Pela primeira vez na história da China, mais pessoas estão vivendo nas cidades que em zonas ru­­rais, informou ontem o governo do país. O Escritório Nacional de Estatísticas afirmou que as cidades abrigam 51,27% dos 1,34 bi­­lhão de chineses no final do ano passado. Trata-se de um aumento de 1,32 ponto porcentual em com­­paração com 2010.

A cifra total inclui 252,78 mi­­lhões de funcionários migrantes, ainda que não esteja claro como eles foram classificados. A China solicita a todos os cidadãos que se registrem como urbanos ou ru­­rais, mas a distinção tornou-se difícil pois as restrições à moradia foram suavizadas para manter as tendências migratórias

Algumas regiões chinesas pe­­diram que aqueles que vivem nas áreas rurais mudem para as cidades, deixando em troca as suas terras, mas essa modalidade de oferta não foi adotada amplamente.

A China foi durante séculos uma nação majoritariamente agrária, mas a população urbana tem aumentado nas últimas três décadas, com as pessoas buscando os benefícios do rápido crescimento econômico.

Segundo o censo chinês, havia 21 milhões a mais de pessoas nas cidades no fim de 2011, em comparação com um ano an­­tes.

"A urbanização é um processo irreversível e, nos próximos 20 anos, a população urbana da Chi­­na chegará a 75% do total da po­­pulação", afirmou Li Jianmin, che­­fe do Instituto de População e Pes­­quisa do Desenvolvimento na Uni­­versidade Nankai.

"Isso terá um grande impacto sobre o de­­sen­­volvimento econômico e so­­cial e sobre o meio am­­biente da China."

Uma parcela significativa da­­queles que se mudam para cidades são trabalhadores migrantes, moradores de zonas rurais que buscam trabalho em áreas urbanas. Muitas vezes, esses são tratados como cidadãos de segunda classe nas cidades onde vivem, ten­­do registro de moradores do campo e com quase nenhum ou mesmo nada de seguridade so­­cial.

"Nós já estamos vendo alguns dos aspectos desestabilizadores da urbanização, porque o sistema administrativo e po­­lí­­tico da Chi­­na não atentou para essa realidade econômica e so­­cial", disse Geoffrey Crothall, porta-voz da entidade sediada em Hong Kong China Labor Bulle­­tin.

Muitos dos migrantes, es­­pe­­cialmente os mais novos, chamados de segunda geração, estão cada vez mais frustrados com o tratamento que recebem. Em al­­guns casos, is­­­­so ge­­rou con­­fli­tos violentos no país.

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