Os Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (3) a suspensão formal de parte da ajuda a Honduras, mas evitaram qualificar como "golpe de Estado" a deposição do presidente Manuel Zelaya, ocorrida há pouco mais de dois meses.
O Departamento de Estado anunciou "o término de uma ampla gama de assistência" a Honduras, sem esclarecer a quantia que seria afetada. Sob anonimato, uma fonte oficial disse que o valor atinge 30 milhões de dólares, mas que toda a quantia já havia sido anteriormente suspensa em caráter provisório.
O Exército de Honduras, tradicional aliado dos EUA, depôs o esquerdista Zelaya para evitar que ele alterasse a Constituição de modo a permitir sua reeleição, o que contrariava diversos setores do país.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, decidiu cortar formalmente a ajuda a Honduras no mesmo dia em que receberá Zelaya, que insiste para que Washington exerça mais pressão sobre o governo interino.
Outros líderes latino-americanos também cobram mais empenho dos EUA contra o novo regime, mas alguns parlamentares republicanos dos EUA dizem que o governo já ajudou demais a Zelaya, levando em conta que se trata de um aliado do presidente socialista e antiamericano da Venezuela, Hugo Chávez.
A decisão de Hillary é consistente com uma lei norte-americana que proíbe a concessão de ajuda "ao governo de qualquer país cujo chefe de governo devidamente eleito seja deposto por decreto ou golpe militar." A lei exclui dessa restrição a ajuda humanitária e o apoio financeiro a movimentos democráticos.
No entanto, o Departamento de Estado evitou responder se considerava que Zelaya foi deposto por um golpe militar, afirmando que as circunstâncias da sua saída eram "complicadas" - apesar de, em 28 de junho, ele ter sido retirado do país, de pijamas, a bordo de um avião militar.
"O Departamento de Estado reconhece a natureza complicada das ações que levaram ao golpe de Estado de 28 de junho, no qual o líder democraticamente eleito de Honduras, presidente Zelaya, foi removido do cargo", disse a nota do departamento.
"Esses fatos envolvem questões factuais e legais complexas, e a participação tanto do Legislativo quanto do Judiciário, bem como dos militares."
A nota sugere que os EUA, se mantidas as atuais circunstâncias, não reconhecerão a legitimidade das eleições presidenciais convocadas para novembro em Honduras. "Neste momento, não poderíamos apoiar o resultado das eleições marcadas", disse a nota.