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Barracões do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia | Pixabay
Barracões do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia| Foto: Pixabay

Se você quiser entender a doença moral no coração do esquerdismo, leia o primeiro parágrafo de uma das mais recentes colunas de E.J.Dionne, do Washington Post: 

“Não é certo chamar outros seres humanos de animais. Não é algo que não devamos discutir. Não importa quão degradante seja a conduta de um grupo ou de um indivíduo, não importa quanta raiva legitima possa ser inspirada por ações genuinamente más, a desumanização dos outros nos leva sempre a um caminho perigoso.” 

Comecemos com a primeira frase: “Não é certo chamar outros seres humanos de animais.” Isto é tão evidente para Dionne, que ele acrescenta: “não é algo que devamos discutir.” Apenas alguém que nunca debateu o problema pode fazer tal afirmação. 

Então, permita-me debater esta afirmação. Meu ponto de vista é a antítese de Dionne: não é certo nunca chamar outro ser humano de animal. 

Comportamentos

Chamar os mais cruéis entre nós de nomes como “animal” ou outro epíteto desumanizante, na verdade, protege os humanos. A palavra “bestial” existe por uma razão e se aplica, com frequência, aos seres humanos. Ao qualificar, retoricamente, que certas pessoas desprezíveis não podem ser consideradas humanas, elevamos a raça humana. Nós declaramos certos comportamentos como fora de sintonia com o ser humano. 

Biologicamente, é claro, nós todos somos humanos. Mas, se “humano” significa algo moral, qualquer coisa além do puramente biológico, então certas pessoas que cometeram, particularmente, atos hediondos contra outros seres humanos não podem ser considerados humanos. 

Do contrário, “humano” não tem sentido moral. Não deveríamos deixar de usar a palavra “desumano”. Qual é a diferença entre “ele é desumano” e “ele é animal”? Ambos implicam ações que fazem com que a pessoa já não seja humana. 

Dionne fornece sua resposta ao final do parágrafo: “desumanizar os outros sempre nos leva a um caminho perigoso.” Ele não proporciona nem um só argumento ou ilustração para este comentário realmente absurdo. 

Desumanização

Qualquer um que recusa “desumanizar” os médicos nazistas – que, sem anestesia, congelavam pessoas por horas e então os jogavam em água fervente para aquecê-los; colocava pessoas em cômodos despressurizados, onde seus tímpanos explodiam; esfregavam aparas de madeira e vidro em feridas infectadas; etc – é o mesmo que, colocando de uma forma gentil, estar moralmente confuso, de forma profunda. 

“Que faria Dionne se chamássemos os médicos nazistas de não agradáveis ou malvados? Por que ele os exclui, retoricamente, da raça humana, considerando-os “um caminho perigoso”? Ele não tem uma resposta porque vive no mundo da esquerda, permeado por temas que soam morais. O esquerdismo consiste quase em tópicos que soam morais, declarações destinadas a fazer com que a pessoa os faça sentir moralmente sofisticados. Mas, baseado em suas reações reações relativas ao sadismo da gangue MS-13, confio mais na bússola moral de Donald Trump no que na de E.J.Dionne. 

É perigoso usar retórica desumanizante para as pessoas? É claro, quando é dirigida às pessoas, com base na sua raça, religião, etnia, nacionalidade ou outra característica física imutável. Os nazistas fizeram o que fizeram com os judeus porque aqueles os desumanizaram fundamentados na identidade religiosa, étnica e racial. Por isso que o racismo é um mal. Mas, por que é perigoso usar certa retórica em relação às pessoas baseadas em seu comportamento? Ao igualmente chamar os mais cruéis entre nós e os judeus de animais, Dionne baralha a luta contra o mal real. 

Uma vez perguntei a Leon Radzik, um sobrevivente do Holocausto que esteve em Auschwitz, com que palavra ele qualificaria os sádicos guardas dos campos de concentração. Eu nunca vou esquecer a sua resposta. Eles eram monstros com uma face humana. 

Por incrível que pareça, Dionne não concordaria com ele.

Dennis Prager é apresentador de rádio nos Estados Unidos e criador do site PragerUniversity.com 

©2018 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês
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