A Finlândia e a Suécia encaminharam o pedido oficial para a entrada na OTAN nesta quarta-feira (18). A aprovação, no entanto, depende da aceitação unânime dos 30 países que fazem parte da Aliança. Nisso, existe um obstáculo: a aceitação por parte da Turquia.
O chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, quer impedir a entrada dos dois países na reunião dos aliados. “Existe uma grande necessidade de garantias de segurança. Eles devem parar de apoiar organizações terroristas", opinou Cavusoglu, referindo-se à proteção dos países em relação aos militantes curdos.
Os dois países nórdicos são acusados pela Turquia de abrigar membros do PKK, Partido dos Trabalhadores do Curdistão, classificado como uma organização terrorista por Ancara. Nesta quarta-feira (18), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, disse que não é possível aceitar a proposta de entrada dos países. "Apoiar o terrorismo e pedir nosso apoio é falta de consistência", insistiu o chefe de Estado.
Ele ainda pediu que a Aliança demonstre boa vontade em relação aos esforços da Turquia para proteger suas fronteiras. Os combatentes do PKK estão instalados principalmente nos países vizinhos: Iraque, Síria e Irã. Erdogan continuou, mais incisivo: "Nenhum de nossos aliados jamais respeitou essas preocupações".
Como moeda de troca pela assinatura de autorização de entrada dos novos membros, a Turquia pediu o fim do embargo imposto por alguns Estados-membros à exportação de armas turcas. Hoje, o Canadá impede a entrega de drones turcos, alegando que foram utilizados pelos azeris no conflito de Nagorno-Karabakh (armênios e azeris, com apoio turco e russo, disputam uma histórica região montanhosa; o conflito teve o auge no início dos anos 90 com o fim da União Soviética e voltou a sofrer uma escalada no ano de 2020).
Outros 29 países aprovam a entrada, especialmente Estados Unidos
Durante a reunião do último fim de semana entre os membros da OTAN, o chefe da diplomacia luxemburguesa, Jean Asselborn, afirmou: “Se ambos quiserem aderir, nenhum dos trinta pode se opor". Com a mesma opinião, o líder dos democratas-cristãos no Parlamento Europeu, o alemão Markus Weber, criticou a oposição da Turquia.
Já os Estados Unidos declararam total apoio à entrada da Finlândia e da Suécia na OTAN. Em comunicado publicado nesta quarta-feira (18), o presidente americano, Joe Biden, informou que "saúda calorosamente e apoia fortemente as candidaturas históricas da Finlândia e da Suécia à adesão à OTAN".
O presidente democrata recebeu a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, e o presidente finlandês, Sauli Niinistö, na Casa Branca nesta quinta-feira (19). Na ocasião, Biden afirmou que "os Estados Unidos vão trabalhar com os dois países contra ameaças de segurança e para desencorajar qualquer agressão". Também garantiu que os candidatos a membros da aliança já podem contar com a proteção militar americana.
O chefe-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, concorda. "A Finlândia e a Suécia serão muito bem acolhidas", disse o norueguês em uma coletiva de imprensa, no final do mês de abril.
Na solenidade em Bruxelas de recebimento dos pedidos de entrada à OTAN, nesta quarta-feira (18), Stoltenberg deixou no ar a forte tendência pela aprovação dos países na Aliança. "Toda nação tem direito de escolher seu próprio caminho. Ambos fizeram uma escolha, após rigorosos processos democráticos. Dou calorosas boas-vindas às solicitações da Finlândia e da Suécia para se unirem à OTAN", afirmou.
De fato, a Aliança foi fundada no contexto de bipolaridade da Guerra Fria, em 1949, que envolveu Estados Unidos e União Soviética em conflitos ideológicos e políticos. A expansão da OTAN é o reforço da segurança do próprio país norte-americano. E a invasão russa à Ucrânia, na tentativa de enfraquecer a Aliança ocidental, foi um tiro no pé.
Com a guerra, Rússia fortalece a OTAN
O pretexto para a invasão russa ao país vizinho foi a possibilidade da entrada da Ucrânia na OTAN. A guerra, no entanto, em vez de diminuir a Aliança, pode dobrar o tamanho da fronteira que faz com a Rússia.
E, no pacote de mudanças, com a provável adesão da Finlândia à OTAN, existe uma reorganização ideológica na Europa. O país, que gerou até mesmo o termo "finlandização", referente a estados neutros, vai, enfim, posicionar-se.
O que a Rússia pode fazer, a partir disso, ainda é uma incógnita. Assim como os riscos que os dois países correm ao dar esse passo diplomático. Nas últimas reuniões dos aliados, os representantes dos países comentam sobre o possível aumento da pressão de Moscou contra a Suécia e a Finlândia.
E isso vai ocorrer enquanto os dois países nórdicos não puderem se beneficiar formalmente das disposições do artigo 5 do tratado da OTAN. Ele garante aos seus membros a garantia total de apoio militar dos aliados, caso sejam vítimas de um ataque.
Recentemente, como represália, a Rússia interrompeu as entregas de eletricidade para a Finlândia. Os dois vizinhos podem ser os próximos alvos russos. No entanto, já deram muito mais passos em direção à entrada na OTAN do que a Ucrânia, que foi invadida durante as primeiras sondagens em relação a essa possibilidade.
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