McCain reconhece derrota em discurso em Phoenix: reflexão sobre a campanha e culpa pela derrota| Foto: Rick Wilking / Reuters

O republicano John McCain perdeu a eleição presidencial desta terça-feira (4) nos EUA porque não conseguiu superar o ambiente econômico hostil, descolar sua imagem do presidente George W. Bush e convencer os eleitores de que poderia liderá-los para sair da crise.

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Analistas disseram também que a escolha da inexperiente governadora do Alasca, Sarah Palin, como candidata a vice, foi um passo em falso por ter despertado dúvidas sobre o bom senso do candidato. Apesar do impulso inicial junto à base conservadora, a indicação dela pode ter custado muitos votos entre o eleitorado independente.

Os moderados também se assustaram com as acusações da campanha de McCain de que Obama seria um socialista amigo de terroristas e ávido por aumentar impostos.

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A extrema impopularidade do presidente George W. Bush e a derrocada econômica ocorrida desde setembro criaram um clima político difícil para McCain. Mesmo que tivesse feito uma campanha perfeita, talvez não bastasse para eleger um republicano neste ano.

Após oito anos na Casa Branca, o partido alienou minorias raciais, jovens e eleitores mais educados. O golpe final foi a debandada em massa do proletariado branco, devastado pela crise.

Mas a reação do senador foi pífia. Ele não conseguiu se descolar suficientemente de Bush, segundo estrategistas do partido, e a falta de coerência de sua mensagem econômica acabou prevalecendo sobre eventuais trunfos a respeito da guerra do Iraque.

No elegante discurso de admissão da derrota, na madrugada desta quarta-feira (5), o ex-prisioneiro de guerra refletiu sobre a campanha e assumiu a culpa pelo resultado. "Não sei o que mais poderíamos ter feito para tentar ganhar esta eleição. Lutamos o quanto pudemos. E, se ficamos aquém, o fracasso é meu, não de vocês", disse ele aos seus seguidores, que passaram a gritar seu nome em coro.

O estrategista republicano John Feehery disse que a vinculação de McCain a Bush foi decisiva e deveria ter sido evitada com mais vigor. "Ele não rompeu com Bush no começo, e deveria. Ele chamou muitos assessores de Bush, e eles continuaram tão leais a Bush quanto a McCain."

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Em meados de outubro, McCain adotou um bordão de campanha, "Não sou George Bush", mas já era tarde.

Entre agosto e setembro, ele até parecia competitivo, mas então explodiu a crise, e seu rival Barack Obama disparou nas pesquisas.

"O derretimento econômico reestruturou toda a corrida e dificultou que McCain competisse pelos eleitores independentes indecisos", disse o estrategista republicano Scott Reed.

A decisão de McCain de suspender a campanha e voltar a Washington para tentar mediar um pacote parlamentar de resgate do setor financeiro acabou se revelando "um erro estratégico e tático," na opinião de Reed.

McCain pediu que o primeiro debate presidencial fosse adiado devido à crise, mas Obama calmamente respondeu que os candidatos deveriam ter capacidade de se dedicar a duas coisas ao mesmo tempo - o que obrigou McCain a ceder. Quando o debate ocorreu, Obama venceu.

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