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Apoiadoras latinas de Donald Trump em comício em Dallas, Texas, em novembro de 2019 (Imagem: AFP).
Apoiadoras latinas de Donald Trump em comício em Dallas, Texas, em novembro de 2019 (Imagem: AFP).| Foto:

Desde que foi eleito em 2016, Donald Trump deixou bem claro que um dos seus principais objetivos enquanto presidente dos Estados Unidos era reduzir a imigração ilegal no país. Promessas sobre a expansão do muro que separa a fronteira norte-americana com o México foram uma constante na campanha de eleição de seu primeiro mandato.

Mirando a reeleição, em pleito marcado para novembro de 2020, o republicano continua batendo na tecla da imigração ilegal. A nova abordagem trumpista pretende substituir o atual sistema de imigração, “desatualizado e aleatório”, por um baseado em mérito. Além disso, o presidente também quer garantir que novas vagas de emprego sejam oferecidas primeiro aos trabalhadores americanos.

Hoje, a maioria (44%) dos imigrantes que chegam ao país são do México ou de outras nações da América Latina. Mesmo assim, uma parcela considerável de latinos e hispânicos que vivem nos Estados Unidos apoiam o presidente Donald Trump. Pesquisa publicada recentemente pela Universidade da Califórnia em Berkeley, por exemplo, mostrou que um terço dos latinos que vivem no estado, um dos mais progressistas do país, prefere Trump ao candidato do Partido Democrata, Joe Biden.

A nível nacional, levantamento da organização Latino Decisions apontou que o apoio a Trump entre os latinos registrados como eleitores é de 22%. Pode não parecer muito, mas é o suficiente para incomodar os democratas. De acordo com o Pew Research Center, o pleito deste ano vai ser o primeiro em que hispânicos representarão a maior fatia dos eleitores que fazem parte de uma minoria racial ou étnica – mais do que os negros. Mas o que justifica esse apoio de parte considerável da comunidade latina a Trump?

“Não acho empolgante dizer isso, mas os eleitores latinos são, em muitos aspectos, como todo mundo: muito diversificados, e sua votação é baseada em uma combinação de interesse próprio, aspiração, opiniões políticas e noções de pertencimento e identidade”, afirma o cientista político Stephen Nuño-Perez, analista sênior da Latino Decisions.

Segundo Nuño Perez, é errado presumir que a existência de latinos republicanos é contraditória. “Sempre houve latinos atraídos pelos valores e políticas republicanas; os latinos possuem muitas das mesmas características que os outros republicanos”, completa.

Conservadores, mas não apenas isso

O historiador Geraldo Cadava, da Universidade Northwestern, diz que o apoio latino ao Partido Republicano costuma ser dividido em dois pontos: os políticos cubanos – e seus descendentes – exilados após a tomada do poder na ilha  pelos comunistas, em 1959, e o catolicismo muito forte e presente na comunidade hispânica dos Estados Unidos, que faz com que os latinos tenham valores comuns aos dos republicanos, como a questão pró-vida e a valorização da família.

“O perigo de limitar a história do conservadorismo latino a essas duas questões (...) é que você realmente está perdendo uma história muito mais ampla e profunda”, afirma.

Outro motivo que justifica esse apoio da comunidade latina ao Partido Republicano e, neste ano, especificamente, a Donald Trump, é o fato de muitos hispânicos que vivem nos EUA serem pequenos empreendedores que querem ver seus negócios prosperarem.

Na última década, o número de empresas cujos donos são latinos aumentou 34%. Ao mesmo tempo, porém, elas continuaram a ser significativamente menores do que os negócios comandados por brancos, segundo relatório da agência governamental Small Business Administration.

Em julho, a fim de se aproximar dos empreendedores latinos, Trump criou a Iniciativa de Prosperidade Hispânica da Casa Branca, que inclui, entre outros pontos, a “promoção de iniciativas do setor privado e parcerias público-privadas para melhorar o acesso a oportunidades educacionais e econômicas para os hispano-americanos”.

“Antes, quando o Partido Republicano estava tentando alcançar os hispânicos, as coisas estavam muito mais ligadas ao apoio ao livre mercado e ao capitalismo”, diz Cadava. “Além do anticomunismo e das relações latino-americanas nos EUA – todos esses pontos caminham meio juntos e se relacionam com a ética de trabalho e até mesmo com questões como a religião”, pontua.

Numa eleição em que a disputa deverá se dar estado por estado, delegado por delegado, o apoio latino deve fazer toda a diferença.

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