Britânicos irritados estão lutando contra o discurso de ódio e candidatos impopulares com uma arma improvável: o milk-shake.
Nas últimas semanas, o ato batizado de "milkshaking" se tornou um símbolo de protesto em solo britânico. O líder do Brexit, Nigel Farage, se tornou o alvo mais recente em uma série de ataques em que as bebidas lácteas foram atiradas durante eventos em todo o país dos candidatos à eleição do Parlamento Europeu mais controversos.
Farage estava em campanha nesta segunda-feira (20) na cidade de Newcastle fazia apenas 20 minutos, quando um homem de 32 anos atirou uma bebida nele, cobrindo seu terno com um líquido pegajoso que o agressor mais tarde confirmou ser um milk-shake de banana e caramelo salgado que custou £ 5,25 (cerca de R$ 27) na rede Five Guys.
Logo após o ataque, Farage estava visivelmente abalado e repreendeu sua equipe de segurança pela incapacidade de protegê-lo com sucesso. Em um vídeo amplamente divulgado, ele pode ser ouvido dizendo: "falha completa" e "como vocês não impediram isso?" Ao fundo, as testemunhas do ataque riem enquanto Farage tenta fazer uma saída rápida. Farage continua sendo uma figura profundamente impopular e divisiva no Reino Unido e é frequentemente criticado por suas visões extremistas sobre imigração e o Brexit.
Disputa entre redes de fast-food
Na segunda-feira à tarde, a #Milkshake era a hashtag mais compartilhada no Twitter no Reino Unido, seguida de perto pelo nome do atirador de milk-shake, identificado como Paul Crowther, que disse não se arrepender de suas ações. De acordo com Tom Wilkinson, repórter da agência de notícias PA, Crowther falava sobre seu milk-shake enquanto estava algemado em frente a uma livraria, dizendo: "Eu estava esperando por isso, mas acho que foi por um bom motivo".
"É um direito protestar contra pessoas como ele. O ódio e o racismo que ele derrama neste país é muito mais prejudicial do que um pouco de milk-shake", disse Crowther. Após o ataque, ele foi preso e levado pela polícia.
Farage depois disse à polícia que iria prestar queixa.
No sábado, o Burger King foi criticado após publicar no Twitter: "Querido povo da Escócia, estamos vendendo milk-shakes durante todo o fim de semana. Divirta-se. #sódizendo" aparentemente em resposta à notícia de que uma loja do McDonald's perto de um ato de Farage em Edimburgo suspendeu as vendas de milk-shakes e sorvetes após um pedido.
Enquanto muitos aplaudiram o tuíte nas redes sociais, outros expressaram preocupação sobre o comentário político, dizendo que o tuíte era uma tentativa de incitar a violência. O Burger King mais tarde publicou outro tuíte, dizendo: "Nós nunca concordaríamos com a violência – ou com o desperdício de nossos deliciosos milk-shakes! Então aproveitem o fim de semana e, por favor, bebam com responsabilidade, pessoal."
Série de ataques
O candidato às eleições do Parlamento Europeu do Partido de Independência do Reino Unido (UKIP), Carl Benjamin, e o ex-líder do movimento de ultradireita English Defence League, Tommy Robinson, também foram alvos de milk-shakes por manifestantes em ataques semelhantes.
Benjamin está atualmente sob investigação por uma afirmação que fez pelo Twitter, ele disse que "nem estupraria" a parlamentar Jess Philips, embora ele mantenha que seus comentários foram uma piada – para a preocupação de muitos. Benjamin foi alvo de milk-shakes quatro vezes nos últimos dias, enquanto Robinson teve dois milk-shakes derramados sobre ele em apenas dois dias no início deste mês.
Após o ataque de milk-shake nesta segunda-feira, Farage tuitou: "Infelizmente alguns [opositores do Brexit] se radicalizaram, até o ponto em que fazer campanha normalmente está se tornando impossível. Para que uma democracia civilizada funcione você precisa do consentimento dos perdedores, os políticos que não aceitam o resultado do referendo nos levaram a isso".
A onda de ataques de milk-shakes no Reino Unido segue a história do "Egg Boy" (Menino do Ovo), um adolescente de cabelos escorridos que quebrou um ovo nas costas do parlamentar de direita Fraser Anning em uma coletiva de imprensa em março. Após o ataque, o Menino do Ovo levou um soco na cara do senador, enquanto as autoridades de segurança se esforçavam para controlar a situação.
No mês passado, as ovadas políticas continuaram na Austrália. O primeiro-ministro Scoo Morrison foi atingido na cabeça com um ovo – embora nessa ocasião o ovo não tenha quebrado.
No Reino Unido, acredita-se que os milk-shakes tenham se tornado a arma preferida pois pessoas tomando a bebida parecem muito mais inofensivas do que os observadores segurando ovos.