O moderno sistema de defesa antiaérea russo S-400 tem preocupado os Estados Unidos. Entre os compradores do sistema estão a Turquia e a Índia.
O Pentágono argumenta que um aliado dos Estados Unidos não pode simultaneamente participar do programa de jatos americanos F-35 e comprar o sistema de defesa russo - como é o caso da Turquia.
O F-35 é o jato de combate mais caro e de alta tecnologia dos EUA, e Washington espera que seus aliados comprem e operem os seus aviões. No entanto, um dos maiores pontos fortes do jato são suas capacidades furtivas. O S-400 possui recursos avançados de radar, e autoridades nos Estados Unidos temem que a Rússia ganhasse acesso indireto ao programa F-35 via Turquia e o usasse para aumentar a eficácia do S-400.
A Turquia disse que comprou o sistema russo depois que os Estados Unidos não fizeram uma oferta satisfatória em seu próprio sistema de defesa antimísseis Patriot, que carece de alguns recursos do S-400 e é mais caro.
Características
O sistema russo de defesa antiaérea S-400, o Triunfo, é uma baita máquina de guerra. Uma bateria completa é formada por nove carretas lançadoras, mais duas remuniciadoras, um posto de comando e 120 mísseis - as ogivas podem levar de 40 kg a 180 kg de explosivos. Todo o conjunto é digital e identifica cerca de 100 alvos a até 600 km de distância.
O custo de cada conjunto é estimado em US$ 300 milhões. Segundo o fabricante, o Fakel Bureau, na lista de objetivos entram os supercaças americanos F-35 e F-22, os europeus Typhoon e Rafale, mísseis de cruzeiro da classe Tomahawk, aeronaves de inteligência, aviões de combate de alto desempenho como F-15 Eagle, F-16 e F-18 além de, claro, foguetes balísticos atingidos a 185 km de altitude.
O Triunfo usa quatro diferentes tipos de interceptadores. O tempo, desde o momento em que uma ameaça é identificada e o disparo do míssil selecionado, não passa de 10 segundos. As preocupações da Otan e do Pentágono com o sistema têm a ver com dois vieses: a arma mostrou eficiência e teria sido empregada no conflito civil da Síria.
As vendas internacionais feitas pela agência estatal Rostec estão na pauta de países do Oriente Médio e da Ásia. Há uma enorme tensão em torno da transação em andamento na Turquia, do presidente Recep Tayyip Erdogan. Ao escolher o produto russo, apresentado como sendo "um sistema antimíssil" pelo qual vai pagar US$ 2,5 bilhões, Erdogan comprometeu o fornecimento para a aviação de ataque turca de 100 caças americanos F-35.
Em julho, o Departamento de Estado anunciou que a Turquia estava fora do programa da aeronave. A Índia também sofreu forte pressão para desistir da aquisição, formalizada três anos atrás. O valor da compra deve bater em US$ 5,4 bilhões. Uma parcela antecipada de US$ 800 milhões foi paga em novembro. Os primeiros conjuntos serão entregues em Nova Délhi em outubro de 2020.
Pressão
Trump estava sob pressão do Congresso americano para persuadir Erdogan a abandonar o sistema russo de mísseis ou impor sanções econômica à Turquia. Mas Trump também queria preservar a sua relação pessoa com o líder turco, assim como a relação estratégica com o membro mais problemático da aliança da Otan.
Erdogan foi recebido por Trump na Casa Branca em novembro. Senadores tiveram a chance de confrontar o presidente turco sobre a compra do sistema S-400 e também sobre a invasão violenta da Turquia ao norte da Síria no mês anterior - precipitada pela decisão de Trump de retirar a maior parte dos militares americanos da região.
Os congressistas que esperavam uma postura mais dura dos EUA em relação à Turquia saíram decepcionados da reunião, dizendo que pouco mudou. Trump, no entanto, estava otimista com as perspectivas de uma solução para a compra do S-400 pela Turquia.
O governo americano tem pressionado a Turquia a comprar o sistema de defesa antimísseis Patriot, projetado pelos Estados Unidos. Recentemente, os EUA deram um ultimato à Ancara, sugerindo que o país "destrua, devolva ou se livre"dos sistemas S-400, segundo uma autoridade de Departamento de Estado americano, que declarou ainda que as entregas dos S-400 são "inaceitáveis" e trazem o risco de sanções.
Com informações de Estadão Conteúdo e Washington Post.