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Prédio destruído no distrito de al-Rashidin, localizado no oeste de Aleppo, perto da província de Idlib, em 26 de novembro | AAREF WATAD/AFP
Prédio destruído no distrito de al-Rashidin, localizado no oeste de Aleppo, perto da província de Idlib, em 26 de novembro| Foto: AAREF WATAD/AFP

Os Estados Unidos estão lutando uma guerra na Síria. É uma guerra silenciosa com uma posição legal discutível, mas ela é verdadeira. As estimativas do número de soldados americanos que estiveram lá no último ano variaram entre 500 e milhares.

Em teoria, pelo menos, a presença dos EUA na Síria tem o objetivo de derrotar o Estado Islâmico (EI), o grupo extremista que controlou grandes áreas da Síria e do Iraque nos últimos anos e mais tarde orquestrou e inspirou ataques terroristas na Europa e na América do Norte. Hoje, o governo dos EUA afirma que o Estado Islâmico está quase derrotado. 

No entanto, o governo do presidente Donald Trump declarou que ficará na Síria indefinidamente. Isso significa que o inimigo não está, de fato, tão derrotado quanto parece? Ou significa que a missão agora vai além do combate ao Estado Islâmico? Nesse caso, ambas resposta pode servir. 

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O Estado Islâmico perdeu quase todo o território que detinha no auge de seu poder em 2014 e 2015. Isso se deve em grande parte a uma intervenção militar liderada pelos EUA – particularmente o uso do poder aéreo americano – que começou sob a administração Obama e continuou sob a administração Trump. É também um sucesso que teve um alto custo para os civis sírios, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional.  

Mas se o Estado Islâmico está em baixa, há que se reconhecer  que ele ainda não está fora do jogo. Duas estimativas divulgadas na metade do ano sugerem que o grupo ainda pode ter mais de 30 mil combatentes na Síria e no Iraque. E há pelo menos algumas evidências de que suas operações militares ainda não acabaram completamente. 

No fim de semana, acredita-se que o Estado Islâmico tenha matado dezenas de combatentes apoiados pelos EUA em Deir al-Zour, uma província no leste da Síria que é uma das poucas fortalezas regionais do grupo. Populações minoritárias da Síria, como os drusos, expressaram preocupações de que o Estado Islâmico esteja se reagrupando em partes remotas do país. Além disso, neste ano, o Estado Islâmico fez um retorno em partes do Iraque central com uma onda de sequestros e assassinatos. 

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Tais desenvolvimentos dificilmente são uma surpresa. De fato, muitos especialistas alertaram que, mesmo após o Estado Islâmico ter perdido o território que controlava, ele permaneceria um poderoso grupo insurgente durante anos. Mas os Estados Unidos já estão se movendo para um diferente objetivo de política externa – que não é totalmente complementar. 

Em janeiro, o então secretário de Estado dos EUA Rex Tillerson ofereceu uma visão ampliada dos objetivos americanos na Síria.

"Ameaças estratégicas continuadas para os EUA, além do EI, persistem. Estou me referindo principalmente ao Irã", disse Tillerson em um evento na Universidade de Stanford, sugerindo que a presença militar dos EUA na Síria estava operando em um prazo indefinido. 

Tillerson pode ter saído do governo, mas os Estados Unidos concentraram mais atenção no Irã. John Bolton, que atua como conselheiro de segurança nacional da Casa Branca desde abril, é um crítico feroz de Teerã. Apenas algumas semanas depois de Bolton ter assumido seu papel, Trump anunciou que estaria retirando os EUA do acordo nuclear com o Irã, assinado no governo de seu antecessor, o presidente Barack Obama. Em setembro, ele disse a repórteres em Nova York que os Estados Unidos não deixariam a Síria "enquanto as tropas iranianas estiverem fora das fronteiras iranianas e isso inclui representantes e milícias iranianos". 

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O governo dos EUA mantém silêncio sobre o que está fazendo na Síria, mesmo quando há incidentes terríveis, como a recente morte de um fuzileiro naval dos Estados Unidos por um aliado sírio. Seth Harp, escrevendo para o New Yorker, recentemente fez uma rara visita à maior de uma dúzia de bases americanas no país – com mais de 202 hectares, é do tamanho de Mônaco. Lá ele encontrou uma pequena fatia da América na Síria.  

"Pode ser aqui ou no Kuwait, no Texas ou no Mississippi, mas tudo parece a mesma coisa e se sente a mesma coisa", disse um guarda nacional enquanto comia Pringles. 

Nem eles, nem ninguém, parece saber quanto tempo isso vai durar. As promessas belicosas do presidente Trump de destruir o Estado Islâmico – e depois retirar americanos do Oriente Médio – certamente o ajudaram a vencer as eleições de 2016. Desde então, ele não perdeu muitas chances de promover os sucessos da guerra. "Nós derrotamos o EI. O EI está derrotado em todas as áreas que o enfrentamos, e isso nunca aconteceria sob o presidente Obama", disse ele à Associated Press em outubro. 

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Mas ele também afirmou que os Estados Unidos ficariam na Síria no futuro previsível. "Vamos ver o que acontece", disse ele. Seu mais forte movimento em protesto contra a presença americana indefinida tem sido para retirar o financiamento que foi alocado para reconstruir partes da Síria que uma vez estavam sob o comando dos Estados Unidos – dificilmente um movimento que poderia promover uma ruptura clara com país. 

E reorientando seus esforços para o Irã antes que o Estado Islâmico seja totalmente derrotado, os Estados Unidos correm o risco de estabelecer dois padrões contraditórios para a vitória. Se isso acontecer, os Estados Unidos provavelmente sofrerão pelo menos uma derrota – e sua guerra silenciosa na Síria só pode aumentar.

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