O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Philip J. Crowley pediu demissão neste domingo (13) por conta de suas críticas a possíveis torturas ao soldado Bradley Manning, acusado de ter vazado telegramas militares diplomáticos ao site WikiLeaks e preso em uma brigada militar no Estado da Virgínia.
As declarações irritaram a Casa Branca. Cuidadoso ao extremo, em geral, Crowley já havia provocado a presidência dos Estados Unidos com comentários sobre a recente crise no Egito. Ele é oficial da Marinha norte-americana.
Durante palestra no Massachusetts Institute of Technology (MIT), na semana passada, Crowley foi questionado sobre a tortura de Manning na brigada militar onde está preso em isolamento. Ele respondeu ser esse tratamento "ridículo, contraproducente e estúpido". "Apesar disso, Bradley Manning está no lugar certo", afirmou. Os comentários de Crowley foram publicadas no blog de Phillipa Thomas, que estava presente na palestra.
Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, foi constrangido ao ser questionado pela imprensa se concordava com o ponto de vista do porta-voz do Departamento de Estado. "Eu perguntei ao Pentágono se os procedimentos de confinamento (de Manning) são apropriados ou não e se estão de acordo com as novas normas básicas. Eles me asseguraram que estão", respondeu Obama.
Em nota, a secretária de Estado, Hillary Clinton, lamentou hoje o pedido de demissão de Crowley, elogiou seu trabalho, mas aceitou a decisão.
Em sua declaração de demissão, Crowley assumiu "total responsabilidade" por seus comentários sobre o caso Manning. Ele desempenhava a função de secretário-assistente de Estado para Assuntos Públicos desde o início do governo Obama, por designação de Hillary Clinton.
Seu lugar será ocupado provisoriamente por Michael Hammer, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. A efetivação de Hammer dependerá de aprovação do Senado norte-americano.