O Ministério Público Federal da Argentina abriu uma investigação contra a porta-voz da presidência, Gabriela Cerruti, acusada pelo procurador Guillermo Marijuan de "omissão de informação e incitamento à violência" no contexto dos ataques a estabelecimentos comerciais cometidos desde o fim de semana em várias províncias do país.
Tanto em mensagens publicadas na terça-feira (22) como em uma entrevista concedida nessa quinta (24), a porta-voz do governo concordou com a opinião do ministro da Segurança, Aníbal Fernández, de que os saques não foram assaltos "espontâneos", acusando envolvimento dos candidatos presidenciais Javier Milei, líder da coalizão Liberdade Avança, e Patricia Bullrich, candidata da Juntos pela Mudança, pelos crimes.
Segundo Cerruti e Férnandez, os adversários buscam "desestabilizar" o governo peronista. A porta-voz da presidência alegou nessa semana que as imagens divulgadas nas redes sociais de Milei são falsas, mesmo com órgãos de imprensa reportando e registrando cenas de guerra como as relatadas no último sábado (19) em Mendoza.
O chefe da Unidade Fiscal de Investigação de Crimes contra a Seguridade Social (UFISES), que agiu a partir de uma denúncia apresentada por dois deputados da Liberdade Avança, considerou que Cerruti tinha informações confidenciais sobre a origem dos ataques e não as comunicou, omitindo assim a sua obrigação.
Além disso, ao apontar inicialmente para Milei - e mais tarde acrescentar Bullrich às suas acusações -, não apresentou provas.
"Temos de estar atentos a estas situações, que prejudicam gravemente a democracia. Patricia Bullrich e Javier Milei são dois candidatos que constroem o seu discurso com base no desejo que têm de que a democracia exploda e se desestabilize", afirmou Cerruti em entrevista à emissora Futurock.
Com isso, segundo o jornal La Nacion, a Justiça argentina abriu um processo para apurar as informações que o governo supostamente colheu sobre os crimes cometidos, uma vez que não houve nenhuma denúncia formal contra os candidatos de direita que concorrem às eleições presidenciais de outubro.
Entre o fim de semana e segunda-feira, foram registrados saques e tentativas em supermercados e outros estabelecimentos comerciais em Neuquén (sul), Mendoza (oeste) e Córdoba (centro), que se repetiram na madrugada de terça para quarta-feira em várias localidades da província de Buenos Aires.
O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, afirmou que houve ao menos 150 tentativas de saques em lojas, motivo pelo qual 94 pessoas foram presas e levadas aos tribunais, após a "tentativa de instalar" uma suposta onda de saques.
Nessa quinta-feira (24), as autoridades iniciaram buscas em várias propriedades de pessoas implicadas nos assaltos na província para obter mais informações sobre as ocorrências.