Portugal se tornou ontem o sexto país da Europa a permitir o casamento gay. O projeto de lei patrocinado pelo governo do premier socialista José Sócrates, que não permite a adoção de criança por parte de casais homossexuais, foi aprovado por 125 votos a 99 no Parlamento.
O texto depende da sanção do presidente português, o conservador Aníbal Cavaco Silva, que não se manifestou sobre o tema, mas, especula-se, não deve vetá-lo. Caso seja sancionado, deverá permitir que o primeiro matrimônio seja realizado em abril, um mês antes de visita programada do Papa Bento XVI ao país católico.
"Essa lei corrige um erro e repara décadas de injustiças. Acaba com um sofrimento que não tem sentido, disse Sócrates.
"Pertenço a uma geração que não possui orgulho da maneira como tem tratado os homossexuais, acrescentou o premier socialista, em referência ao fato de, até 1982, a homossexualidade ter sido crime em Portugal.
Parlamentares conservadores queriam a realização de um referendo sobre o tema. A possibilidade foi, porém, rejeitada pelo governo sob a alegação de que a medida constava da plataforma socialista na eleição legislativa de 2009, que deu o segundo mandato a Sócrates.
A aprovação, após discussões amenas entre os parlamentares, foi comemorada por casais gays nas galerias com champanhe e um bolo de casamento.
Desde 2001, Portugal permitia a "união civil. E, há dois anos, o país descriminalizou o aborto, dando início aos atritos do governo socialista com a Igreja Católica, ainda forte no país, e grupos conservadores.
Na Europa, o casamento homossexual é permitido por lei na Bélgica, Holanda, Espanha, Noruega e Suécia; fora do continente europeu, apenas no Canadá, África do Sul e seis estados americanos.