Em meio a novos protestos, o governo português apresentou ontem seu projeto de orçamento para 2013 que inclui um aumento massivo de impostos e cortes de gastos. "O orçamento proposto é o único possível, não temos qualquer espaço para manobra," disse o ministro das Finanças, Vitor Gaspar.
Gaspar confirmou que a taxa média de impostos aumentará de 9,8% neste ano para 13,2%, de acordo com a proposta orçamentária. As faixas de impostos devem ser reduzidas de oito para cinco, com o teto de 48% a partir dos rendimentos de 80 mil euros, quase metade da antiga faixa.
"O orçamento do governo para 2013 é pesado para os portugueses", disse o ministro. "O aumento na carga tributária é muito significativo".
O governo aprovou o orçamento austero apesar de, no mês passado, ter tido que recuar em um pacote inicial de medidas e de uma pesquisa realizada na semana passada ter indicado que 70% das pessoas se opõem à política do governo.
Em maio de 2011, o FMI e a União Europeia resgataram Portugal de um iminente colapso da dívida, com uma ajuda de 78 bilhões de euros, condicionada a reformas estruturais e orçamentárias.
Os portugueses deixaram claro nos protestos a insatisfação com as medidas de austeridade ligadas ao resgate que evitou a bancarrota nacional. No mês passado, houve uma série de greves e protestos e, no sábado, milhares de pessoas se manifestaram nas ruas de Lisboa e muitas outras cidades.