Um tribunal de Portugal rejeitou nesta sexta-feira um pedido dos Estados Unidos de extradição de um homem acusado de assassinato em 1963 e do sequestro de um avião em 1970, disse o advogado do acusado na quinta-feira. O suspeito, nascido nos EUA, foi detido em Lisboa em setembro, depois de passar 41 anos foragido. Autoridades do Judiciário disseram que não comentariam o caso.
O advogado Manuel Luis Ferreira disse que o tribunal reconhecia que seu cliente, de 68 anos, havia se tornado um cidadão da Guiné-Bissau ilegalmente antes de se casar com uma portuguesa e conseguir a cidadania portuguesa. Como cidadão português, o homem, hoje conhecido como Jorge dos Santos, mas que era George Wright no nascimento, não poderia ser extraditado.
Dos Santos foi condenado em 1963 pelo assassinato do dono de um posto de gasolina, Walter Patterson, durante um roubo a mão-armada em Wall, New Jersey. Ele fugiu da prisão em 1970 enquanto cumpria sentença de 15 a 30 anos.
"Não sou mais a mesma pessoa que era naquela época, sou um homem transformado", disse Santos, falando português com um sotaque americano ao lado de seu advogado, em comentários televisionados após a decisão do tribunal.
"Estou muito satisfeito com a decisão, moralmente e espiritualmente."
Dos Santos foi detido pela polícia portuguesa depois de ser rastreado pelo FBI e outras autoridades norte-americanas que haviam sido alertados quando ele tentou entrar em contato com parentes nos Estados Unidos.
A agência estatal de notícias Lusa citou um comunicado da embaixada norte-americana dizendo que as autoridades dos EUA estavam "extremamente decepcionadas" com a decisão. Uma decisão do tribunal pode ser alvo de recurso no Tribunal Superior.
Segundo o FBI, quando George Wright fugiu da prisão em 1970, ele foi para Detroit, onde se juntou ao Exército de Liberação Negra, um grupo militante nacionalista negro. Em 1972, segundo o FBI, ele estava entre os sequestradores de um avião que, levando três crianças consigo, desviaram um voo da Delta entre Detroit e Miami.
Depois de pousar em Miami, os sequestradores pediram e receberam 1 milhão de dólares em troca da libertação dos passageiros. O avião viajou então para a Argélia, onde autoridades tomaram o controle do aparelho e do dinheiro e os devolveram aos Estados Unidos. Os sequestradores foram libertados depois de alguns dias.
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