Neste sábado, às 15 horas, em Sochi, se enfrentam duas estrelas do futebol mundial. De um lado, por Portugal, Cristiano Ronaldo, craque do Real Madrid e que busca a artilharia da Copa. Do outro, pelo Uruguai, Luis Suarez, jogador do Barcelona. São duas equipes com desempenhos completamente diferentes neste Mundial – o Uruguai passou fácil em seu grupo, ganhando as três partidas, já Portugal só venceu uma partida e empatou as outras duas -, mas que tem algo em comum no âmbito político: estão entre os países mais democráticos do mundo. Na história, ambos passaram por processos ditatoriais.
Portugal: estabilidade desafiada por escândalos de corrupção
No ranking do Índice da Democracia, elaborado pela Economist Intelligence Unit (EIU), Portugal é considerada como uma democracia imperfeita. Ela ocupa a 26ª posição na lista, posição que também tinha em 2012. Seus pontos fortes são o processo eleitoral/pluralismo político e as liberdades civis. A Freedom House classifica o país como sendo uma democracia parlamentar estável com um sistema político multipartidário e regulares transferências de poder entre os dois maiores partidos políticos. A entidade considera que as liberdades civis são protegidas.
Ao mesmo tempo em que destaca esses pontos, a Freedom House avalia que há pontos de preocupação: corrupção, algumas restrições legais aos jornalistas e más condições e abusos cometidos contra presos. Com frequência, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos tem decidido contra Portugal em casos de difamação.
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Promotores têm entrado com ações contra altos funcionários do governo por causa de escândalos de corrupção. Em outubro do ano passado, o ex-primeiro-ministro José Sócrates foi indiciado por envolvimento em um escândalo de corrupção. O processo faz parte de uma ampla investigação que inclui um grande banqueiro, Ricardo Salgado, do Banco Espírito Santo. A instituição financeira, que foi uma das maiores de Portugal, fechou as portas em agosto de 2014.
O Ministério Público português também processou o ex-vice-presidente angolano, Manuel Vicente, acusado de subornar um magistrado para suspender as investigações sobre suas atividades financeiras no país. Contudo, no mês passado, o processo foi transferido para Justiça angolana.
Uruguai: o país mais democrático das Américas enfrenta o aumento na violência
O Uruguai é o país mais democrático das Américas, segundo a EIU, ficando à frente dos Estados Unidos. É a única democracia plena da região. Segundo a empresa de análise, destaca-se pelo seu processo eleitoral/pluralismo político e as liberdades civis. E, de acordo com a Freedom House, sua imprensa pode ser considerada como livre.
O país platino foi o primeiro do mundo a legalizar o consumo, produção e venda de maconha. Isto ocorreu em 2013, mas a legislação só foi regulamentada no ano passado. Ao mesmo, o então presidente Pepe Mujica, um ex-guerrilheiro, aumentou as penas para traficantes de outros tipos de drogas, como o crack e a pasta de cocaína. O sucessor de Mujica, Tabaré Vazquez editou um novo Código Penal, que oferece mais penas alternativas à prisão. As cadeias estão com menos presos.
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Um dos problemas que o país enfrenta é o aumento da violência. Fernando Gil, diretor da Unidade de Comunicação do Ministério do Interior, reconhece o problema. Segundo o jornal uruguaio “El País”, Gil publicou em seu blog pessoal, que os índices estão entre os maiores desde que se começou a computar as estatísticas. Ele atribui os problemas a decisões judiciais mal-tomadas, principalmente nos casos de violência doméstica e falta de força efetiva às patrulhas. Também atribui o aumento nos números à incorporação de novas tecnologias, o que permitiu à polícia ampliar os registros policiais em 40%. “Baixou-se o número de crimes que não eram denunciados”, diz ele em seu blog.