Mais de 8 milhões de portugueses vão às urnas neste domingo num plebiscito para decidir se o país aprova ou não a legalização do aborto. As pesquisas apontam a vitória do "sim", com 53% das intenções de voto, contra 46% para o "não". A proposta é permitir que as mulheres possam interromper a gravidez até a 10ª semana de gestação. O tema é polêmica no país, onde mais de 90% da população é católica.
Esta já é a segunda vez que Portugal vota mudanças na Lei do Aborto, que hoje só é permitido em casos de estupro, má formação do feto ou quando a gravidez representa um risco para a saúde da mãe.
Em 1998, o referendo foi anulado pelo alto índice de abstenção - apenas 32% do eleitorado foi às urnas. Para impedir que isso ocorra outra vez, o primeiro-ministro, José Socrates, avisou que se o índice de comparecimento às urnas for menor que 50%, vai usar o apoio que tem do Parlamento para pressionar o Congresso a aprovar a lei.
O premier justifica a decisão, com números que mostram que cerca de 10 mil mulheres apresentam problemas de saúde, todos os anos, em conseqüência de abortos feitos em clínicas clandestinas.
- Essa é a ferida mais vergonhosa de Portugal - diz o ministro.