Santiago (Das Agências Internacionais) A distância entre o socialismo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o da nova presidente do Chile, Michelle Bachelet, será de alguns palmos neste sábado. A posse de Bachelet, a primeira mulher eleita presidente pelos chilenos, vai reunir, num mesmo "palanque", líderes latinos que defendem caminhos bem distintos para o que definem como socialismo.
Enquanto Chávez faz oposição cerrada aos Estados Unidos e critica a histórica dominação norte-americana, estabelecida há mais de um século, Bachelet defende a preservação dos laços econômicos com as grandes potências, caminho que destravou a economia do Chile há uma década, provocando a inveja de países como o Peru, a Bolívia e até mesmo o Brasil. Ao lado deles, estarão o novo presidente da Bolívia, Evo Morales, que tende a seguir mais a linha de Chávez, o da Argentina, Néstor Kirchner, mais alinhado ao Chile, e o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que adota o discurso da moderação quando o assunto é o desenvolvimento econômico.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja hoje para o Chile. Após a cerimônia de posse, Lula participará do almoço que será oferecido pela presidente chilena aos demais chefes de Estado no Palácio de Cerro Castillo. Em seguida, se reunirá por volta de 15h30 com Bachelet no Palácio Presidencial de Cerro Castillo. De lá, ele segue para um encontro com a primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, e com o primeiro-ministro de Marrocos, Driss Jetou. O retorno de Lula para Brasília está previsto para o final da tarde.
Kirchner e Morales chegaram ao Chile com um dia de antecedência. O presidente boliviano foi recebido de braços abertos no aeroporto internacional de Santiago. Morales é o primeiro presidente da Bolívia a assistir a uma posse presidencial no Chile. Cerca de 300 organizações sociais e políticas organizaram, em homenagem ao líder boliviano, um ato no qual Morales seria o único orador, com direito a atuação de grupos folclóricos e artistas populares. Além das divergências políticas, a Bolívia reivindica acesso ao mar. O país perdeu a região do deserto Atacama para o Chile na Guerra do Pacífico (18791884).
A reunião de líderes socialistas de posicionamentos conflitantes deve ser regida pela diplomacia. Bachelet afirmou na última semana que seu governo será guiado pela política da boa vizinhança, mas não citou pontos específicos como a questão territorial da Bolívia.