Israel criticou a Rússia nesta segunda-feira por planejar a venda de mísseis Yakhont à Síria, alertando que esse material pode acabar sendo transferido à guerrilha Hezbollah no vizinho Líbano.
O aval para o negócio de 300 milhões de dólares envolvendo os mísseis antinavio foi divulgado na semana passada pelo ministro russo da Defesa, Anatoly Serdyukov, que informou à agência de notícias RIA que o negócio se refere a um contrato de 2007, e que os EUA também demonstram resistência.
Neste mês, o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, viajou a Moscou para selar um acordo de cooperação militar e para pedir aos russos que não forneçam à Síria armas que possam desafiar o poderio israelense.
Em visita a Washington na segunda-feira, Barak manifestou preocupação de que os mísseis Yakhont sejam "passados ao Hezbollah, como já aconteceu no passado, e que eles sejam dirigidos contra Israel", segundo nota divulgada por assessores dele.
A Síria diz não fornecer armas ao Hezbollah, grupo que surpreendeu Israel durante a guerra de 2006 ao atingir navios israelenses com mísseis de cruzeiro.
Israel e Síria ensaiam uma aproximação nos últimos anos, mas ainda continuam divididos por questões como o futuro das colinas do Golã, ocupadas por Israel desde 1967, e a aliança de Damasco com o Irã.
O chanceler de Israel, Avigdor Lieberman, disse ao jornal israelense Hayom que a venda de mísseis à Síria "complica a situação". "Ela não contribui para a estabilidade e não cria a paz na região. Vamos transmitir nossa posição à Rússia", afirmou Lieberman.
Serkyukov disse na sexta-feira à agência RIA que os Estados Unidos manifestaram a preocupação de que os mísseis Yakhont acabem nas mãos de "terroristas" --em aparente referência ao Hezbollah.
O ministro russo qualificou essa preocupações de "infrutíferas", segundo a RIA.
Lieberman disse que Barak, na sua visita a Moscou, "tratou da questão, mas as coisas não se resolveram".A Rússia, que está montando uma frota de aviões teleguiados israelenses, havia antes agradado o Estado judeu com a promessa de não entregar mísseis antiaéreos S-300 ao Irã enquanto vigorassem as sanções da ONU ao programa nuclear iraniano.