Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China apoiaram na quarta-feira a ideia de tornar o Oriente Médio uma região livre de armas nucleares, o que obrigaria Israel a abandonar seu suposto arsenal nuclear.
A decisão, numa declaração conjunta, reflete a preocupação dos EUA de obter apoio árabe para sanções contra o programa nuclear do Irã, mesmo que para isso Washington tenha de fazer uma concessão que desagrade ao seu aliado Israel. Os EUA dizem, no entanto, que a não-nuclearização do Oriente Médio é uma meta ainda distante.
"Estamos comprometidos com a total implementação da resolução de 1995 do TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear) sobre o Oriente Médio, e apoiamos os atuais esforços para tal fim", dizem os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, únicos que o TNP autoriza possuírem armas nucleares.
Israel, que não é signatário do TNP, nunca confirmou nem desmentiu que possua armas atômicas, e diz que só pode conceber a ideia de que o Oriente Médio esteja livre de armas nucleares quando houver paz na região.
"Estamos prontos para considerar todas as propostas relativas no transcurso da Conferência de Revisão (do TNP, que ocorre neste mês na ONU), a fim de chegar a uma decisão acordada que vise a dar passos concretos nesta direção", disse a nota, à qual a Reuters teve acesso.
O Egito, que preside atualmente o influente bloco dos 118 países em desenvolvimento ditos não-alinhados, apresentou aos 189 signatários do TNP uma proposta para que seja realizada no ano que vem uma conferência sobre como livrar o Oriente Médio de armas nucleares.
EUA e Rússia, com apoio das outras potências nucleares "oficiais", negociam com o Egito para que surja um compromisso aceitável, segundo diplomatas ocidentais. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, disse na segunda-feira que ainda não existem condições para declarar o Oriente Médio livre de armas nucleares.
Sem citar países específicos, a nota também pede a países não-participantes do TNP que adiram a ele. Índia e Paquistão, que declaradamente possuem armas nucleares, jamais assinaram o tratado, a exemplo de Israel. A Coreia do Norte se retirou em 2003 e fez testes nucleares em 2006 e 2009.
Israel tem respondido à iniciativa egípcia alegando que as ambições nucleares do Irã são uma ameaça regional. O Egito diz que tanto Israel quanto o Irã são fatores de risco na região, e que deve haver medidas contra ambos.
A nota das cinco potências disse que "os riscos de proliferação apresentados pelo programa nuclear iraniano continuam sendo de séria preocupação para nós". Os cinco países, mais a Alemanha, discutem atualmente uma quarta rodada de sanções a Teerã, que insiste no caráter pacífico das suas atividades.
As cinco potências também reafirmaram seus compromissos anteriores com o desarmamento nuclear, feitos em 2000, e elogiaram um recente acordo entre Rússia e EUA para a redução dos respectivos arsenais estratégicos.
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