A coalizão internacional intensificou nesta terça-feira a pressão sobre o líder líbio Muamar Kadafi para que renuncie, e anunciou que vai continuar com os ataques contra as forças líbias enquanto Kadafi se recusar a cumprir uma resolução da ONU de proteger civis.
Grã-Bretanha, Estados Unidos e Catar sugeriram que Kadafi e sua família podem ser autorizados a buscar exílio se o líder, há 41 anos no poder, aceitar logo a renúncia e acabar com as seis semanas de derramamento de sangue.
Washington e Paris também levantaram a possibilidade de armar os rebeldes, que prometeram construir um país livre e democrático se conquistarem o poder em Trípoli.
Na abertura de uma conferência sobre a Líbia reunindo 40 governos e organismos internacionais em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, acusou os partidários de Kadafi de "ataques assassinos" contra a população de Misrata, a terceira maior cidade da Líbia.
"Enquanto esse grande número de países se reúne aqui hoje em Londres, há pessoas sofrendo terrivelmente sob o governo de Kadafi. Nossa mensagem para eles é a seguinte: dias melhores virão para a Líbia", afirmou Cameron.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que os ataques militares da coalizão na Líbia continuarão até que Gaddafi cumpra por completo a exigência da Organização das Nações Unidas (ONU) de cessar a violência contra os civis e retirar as forças das cidades ocupadas.
"Todos nós precisamos continuar aumentando a pressão e aprofundar o isolamento ao regime de Kadafi também por outros meios", disse Clinton.
"Isso inclui um front unificado de pressão política e diplomática que deixe claro para Kadafi de que ele precisa sair."
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse na televisão ABC que Washington não descarta a possibilidade de armar os rebeldes, embora nenhuma decisão do tipo tenha sido tomada.
Autoridades norte-americanas afirmam que a resolução do Conselho de Segurança da ONU adotada este mês permite o armamento de rebeldes, mas uma fonte da diplomacia italiana disse que essa iniciativa exigirá uma nova resolução apoiada por um consenso internacional mais amplo.
Na faixa costeira da Líbia, o foco dos confrontos, as tropas mais bem armadas de Kadafi pareciam reverter uma investida dos rebeldes rumo a oeste, que aproveitaram os ataques aéreos da coalizão para tomar uma série de cidades na semana passada.
"Moderno, livre e unido"
Kadafi acusou as potências do Ocidente de massacrarem civis líbios na aliança com os rebeldes que, segundo ele, são membros da Al Qaeda.
Antes da conferência em Londres, convocada para discutir a ação contra o governo de Trípoli e uma era pós-Gaddafi, o Conselho Nacional rebelde interino expôs a perspectiva de um país "moderno, livre e unido" se Kadafi for deposto.
Com a nova investida dos partidários de Kadafi contra os rebeldes, a Itália, antiga potência colonial na Líbia, propôs um acordo político para pôr fim à crise. Ele inclui o cessar- fogo rápido, o exílio de Kadafi e o diálogo entre rebeldes e líderes tribais.
"Há um acordo tácito entre todos de que a melhor coisa seria Kadafi partir para o exílio, porque o motivo para prosseguir com a guerra é a presença de Gaddafi", disse a fonte italiana.
Ela acrescentou que a União Africana, que não participou da reunião de terça para ressaltar sua neutralidade, é o único organismo capaz de convencer Kadafi a partir para o exílio.
O ministro das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, também indicou que o exílio poderá ser uma forma de tirar Kadafi de cena e acalmar a insurreição que já dura seis semanas contra o governo do líder no poder há quatro décadas.
"Queremos que ele deixe o poder e é isso que temos dito repetidamente ao regime líbio. Não controlamos, é claro, para onde ele poderá ir", disse Hague à BBC, mas ele afirmou que Gaddafi deverá responder ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
A Turquia, que inicialmente se opôs à ação militar, quer um cessar-fogo rápido e uma solução negociada. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, compareceu à conferência de Londres. A Turquia não havia sido convidada para a primeira reunião da coalizão internacional, ocorrida em Paris há dez dias.
Alguns diplomatas e analistas sugeriram que oferecer a Kadafi imunidade no âmbito doTPI e o transporte em segurança a um país anfitrião poderia incentivá-lo a partir rapidamente.
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