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Em 1986, Muamar Kadafi concedeu uma entrevista a um grupo de jornalistas estrangeiras. Finda a entrevista, ele as convidou, uma a uma, a entrar em uma sala mobiliada apenas com uma cama e uma televisão e fez uma proposta a cada uma das profissionais.

Após três recusas sucessivas, o ditador finalmente entendeu que não teria sucesso e acabou desistindo. Todavia, o incidente reflete uma coisa importante sobre Kadafi que vale a pena lembrar atualmente: ele é louco.

O "rei dos reis" líbio mistura ilusões, ameaças, pompa, um gosto por desafios – e a posse de toneladas de gás mostarda. Este é o porquê de ser crucial que as potências mundiais, trabalhando com países vizinhos como o Egito e a Tunísia, aumentem sustentavelmente a pressão enquanto Kadafi está no poder por um fio para que ele saia de cena o mais suavemente possível.

Existe algo que os EUA e que os outros países podem fazer? Sim, definitivamente. Todavia, antes de qualquer coisa vamos tratar do que não podemos fazer.

Seria contraprodutivo para tropas americanas e européias se instalarem em solo líbio ou iniciar bombardeios sobre ruínas porque isto iria justificar as afirmações de Kadafi sobre imperialistas tentarem tomar seu país. A verdade é que, depois do Iraque, os americanos não possuem uma opção realística de invadir outro país árabe produtor de petróleo.

Todavia, o que os EUA podem fazer é continuar a pressionar Kadafi, mostrar firmeza e deixar claro que sua queda é apenas uma questão de tempo. Tal firmeza não irá mudar a idéia de Kadafi, mas pode debilitar ainda mais o Exército líbio. Exército do qual os oficiais, aliás, já começaram a desertar.

No sábado, quando estava no Egito, recebi uma ligação de Trípoli: um alto oficial do Exército líbio que tinha recebido ordens para atacar vilarejos rebeldes estava, na verdade, desertando. O oficial queria que eu reportasse sua deserção. Tive de perguntar que preparativos ele havia tomado para proteger sua família contra qualquer retaliação das forças líbias. Descobri que nenhuma.

Incentivei o oficial para que escondesse sua família, a fim de garantir que sua esposa e filhos não fossem sequestrados ou assassinados em retaliação.

Nos dias que se passaram, com o espaço que Kadafi ganhou, a deserção não parece estar mais em pauta.

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