Curitiba - O Paraná possui 22 leitos hospitalares no sistema de isolamento reservados para tratar de eventuais pacientes sob suspeita de contaminação do vírus Influenza, que transmite a gripe suína.
Os leitos estão divididos em quatro hospitais de referência do estado: dois em Curitiba (Hospital do Trabalhador, com oito leitos, e Hospital de Clínicas, com três); um em Londrina (Hospital Universitário, dez leitos); e um em Foz do Iguaçu (Hospital Ministro Costa Cavalcanti, um leito).
De acordo com a direção dos hospitais, a capacidade das alas poderá ser ampliada caso haja necessidade de atendimento de um número maior de pacientes.
Segundo infectologistas, esses hospitais possuem estrutura física adequada e capacidade técnica para lidar com contaminações dessa natureza.
O doutor em medicina interna e consultor do Ministério da Saúde na área de infectologia, José Luiz de Andrade Neto, explica que diante do dado epidemiológico de um grande risco de contaminação, o corpo médico dos hospitais recebe um sinal de alerta de que pode estar diante de uma infecção diferente.
"Os médicos ficam avisados que a doença pode chegar ao país e devem ficar atentos ao fator epidemiológico, com atenção especial para o diagnóstico. Uma vez detectada a doença eles passam a adotar as medidas estabelecidas pelas autoridades sanitárias", explica Andrade Neto, que também é professor de infectologia na Universidade Federal do Paraná.
O infectologista afirma que, embora o vírus da influenza suína seja mais letal que o da gripe comum, a doença não exige que o paciente fique sob isolamento reverso uma espécie de bolha que elimina o contato do doente com o mundo externo.
"O caso da gripe suína requer somente um espaço que possibilite o isolamento respiratório e o isolamento de contato", explica. O isolamento respiratório envolve o uso de máscara cirúrgica para evitar a contaminação pelas vias respiratórias e o isolamento de contato é um procedimento em que médicos e enfermeiros trajam um paramento com luvas cirúrgicas, gorro, máscaras, óculos, avental, calça e blusa em uma ante-sala, evitando levar o vírus para fora da ala de isolamento.
"É inquestionável a capacidade desses hospitais para lidar com esse tipo de caso", assegura Andrade Neto.
Segundo uma enfermeira que trabalha no setor de infectologia do Hospital do Trabalhador, a equipe que atua na área de isolamento recebeu treinamento e alguns procedimentos específicos estão em andamento, com controle de fluxo, escala de funcionários restritos e disponibilização de kits de proteção para os profissionais que eventualmente tenham contato com os infectados. "Estamos em alerta", garante.
A médica infectologista Flávia Trench, coordenadora do serviço de controle de infectologia hospitalar do Hospital Ministro Costa Cavalcanti, de Foz do Iguaçu, explica que a contaminação se dá apenas através de contato com a tosse, espirro ou muco (catarro e secreções) de pacientes contaminados.
"O procedimento de isolamento não oferece nenhuma dificuldade em relação a patologias que tem atendimento rotineiro em um hospital convencional, como casos de tuberculose e meningite bacteriana", explica.A médica ressalta que, sob qualquer hipótese, o isolamento deve ser individual para evitar que pacientes com o vírus contamine outros que, mesmo sob suspeita, não tenham sido contaminados.