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Livre em Mianmar

Pragmática, Suu Kyi quer reunião com líder militar

Em frente da sede do seu partido, Aung San Suu Kyi disse ontem: “Se o meu povo não está livre, como posso dizer que estou livre?” | Soe Zeya Tun/Reuters
Em frente da sede do seu partido, Aung San Suu Kyi disse ontem: “Se o meu povo não está livre, como posso dizer que estou livre?” (Foto: Soe Zeya Tun/Reuters)

Yangon - A ativista e Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, de 65 anos, libertada no último sábado após sete anos de prisão domiciliar, disse ontem a milhares de simpatizantes que continuará lutando pelos direitos humanos e pelo Estado de Direito em Mianmar. Ela se tornou um símbolo da democracia no país, que é governado por uma junta militar desde 1962.

Durante um discurso para mais de 5 mil pessoas realizado na sede de seu partido político, Suu Kyi pediu para que as pessoas trabalhassem em prol da reconciliação nacional. "Se quisermos ter o que queremos, precisamos fazer as coisas da forma correta. Caso contrário não atingiremos nosso objetivo, independentemente de ele ser nobre ou correto", disse.

Suu Kyi disse aos repórteres que sua mensagem para o chefe da junta militar que governa Mianmar, Than Shwe, era: "vamos conversar um com o outro diretamente". Os dois se reuniram para uma conversa sigilosa pela última vez em 2002, sob incentivo das Nações Unidas. "Eu sou a favor da reconciliação nacional. A favor do diálogo. Qualquer autoridade que eu possua, usarei com esses objetivos. Espero que as pessoas me apoiem", acrescentou.

Suu Kyi foi recebida no QG de seu partido com aplausos. Ela disse não guardar rancor daqueles que a detiveram por mais de 15 dos últimos 21 anos, acrescentando que, durante esse período, foi bem tratada. Apesar disso, ela pediu para que seus simpatizantes rezassem por aqueles que ainda estão presos. Grupos de direitos humanos afirmam que o governo de Mianmar detém mais de 2.200 prisioneiros políticos.

"Se o meu povo não está livre, como posso dizer que estou livre? Ou estamos livres juntos ou não estamos livres", disse Suu Kyi.

Ao comentar o período de isolamento da prisão domiciliar, ela afirmou que "sempre se sentiu livre por dentro", embora durante anos tenha ouvido somente a um rádio. "Gostaria de ouvir vozes humanas."

A libertação da ativista ocorreu apenas alguns dias depois de uma eleição vencida pelo partido da junta militar e considerada uma farsa pelas nações ocidentais. Muitos analistas questionaram inclusive se a libertação de Suu Kyi não teria sido uma estratégia das autoridades de Mianmar para desviar o foco das eleições.

O partido da ativista, a Liga Nacional da Democracia, venceu as eleições em 1990, mas a junta militar se recuso a sair do poder. O partido foi desmontado após ter boicotado o pleito mais recente.

Suu Kyi encabeçou a luta pela democracia em 1988, quando manifestações populares contra o regime militar de 25 anos a lançaram à frente desse movimento, principalmente por ela ser filha de Aung San, responsável por conduzir Mianmar à independência da Inglaterra para depois ser assassinado por inimigos políticos.

O diplomata dos Estados Unidos em Mianmar, Larry Dinger, esteve entre um grupo de representantes que se encontraram com Suu Kyi ontem. Ele também a havia visitado na prisão domiciliar. "Ela deixou claro que é uma política pragmática que quer encontrar soluções pragmáticas para os problemas de seu país", disse.

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